segunda-feira, 24 de outubro de 2011

REPROVADOS PELA ESCOLA DA VIDA

A cidade amanheceu mais suja hoje. Rastros de incivilidade podiam ser vistos pelas ruas, calçadas, nas esquinas, em muros. Lixo espalhado por vários quarteirões, expunha a vergonha de uma sociedade sem educação. Muitos papéis jogados no chão, garrafas de água e copos plásticos abandonadas nas muretas, como se as mesmas fossem depósitos de lixo.

Este foi o retrato que vi logo cedo ao sair de casa. Retrato que me chocou, que me causou indignação. Esta foi a condição que ficaram as imediações das instituições escolares onde aconteceu o ENEM neste final de semana. Uma comprovação de falta total de consciência ecológica.

Se esta nova geração tem agido assim, que esperança poderemos alimentar em relação ao nosso futuro?
Estamos anos luz distantes de culturas mais evoluídas como a do Japão por exemplo.

A única possibilidade de transformação dessa triste realidade está exatamente na Educação, na Educação que vem de berço e na oferecida pelas escolas. Cabe aqui refletir: estamos educando para a vida ou para exames, testes, etc? O papel da escola atual foi reduzido a preparação para avaliações? E a formação de seres humanos para a vida, como fica?

Só uma coisa a dizer: todos foram reprovados pela escola da vida nessa avaliação.

Abraço fraterno
Ana Lúcia Machado

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MAIS UM DEPOIMENTO DE UMA PROFESSORA WALDORF

Compartilho este precioso depoimento de uma Profª Waldorf que no exercício diário de  sua profissão é capaz de perceber a necessidade de renovação da prática pedagógica e da dinâmica do organismo escolar. Um olhar que merece atenção, reflexão e ação transformadora. Que não nos falte a coragem jamais.
Abraço fraterno
Ana Lúcia Machado


"Vejo a resenha do Dr. Valdemar Setzer como o primeiro passo de muitos que ainda vão acontecer no caminho de Clarear. Um movimento que pode vir a ser muito saudável, dependendo apenas de nós mesmos.
Temos que desconfiar de tudo onde há muita Simpatia ou Antipatia, temos que exercitar o pensar polar. Esses foram um dos meus primeiros ensinamentos na antroposofia.
Foram muito duras as colocações sobre o prefácio de Ruy César do Espírito Santo. Entendo que a mesma critica que se fez a ele; a falta de conhecimento suficiente da obra de Steiner; pode-se fazer de quem o fez sobre o próprio Ruy.
Meu encontro com o professor Ruy se deu no meu primeiro ano de faculdade de pedagogia, na Puc-sp. Ele continua sendo meu professor desde então, mesmo eu tendo graduado há alguns anos.
Não poderia eu aqui passar o Currículo lates do professor, mas posso falar algumas poucas coisas que sei. Ruy foi pai e avô Waldorf, tem hoje uma ou duas filhas atuantes na PW. É um grande semeador, e leva a PW em suas aulas, ele mostra a existência desta pedagogia para muitos futuros educadores, como uma possibilidade de se fazer melhor, de se fazer diferente, uma possibilidade de olhar o Ser Humano em nós e no outro, e mudar o mundo em que vivemos, de se fazer uma sociedade e uma pedagogia mais humana. Muitos destes futuros pedagogos despertam, procuram o seminário e se tornam professores Waldorf.
O conhecimento de Ruy é vasto, passando por muitos pensadores, e o mais lindo é a propriedade que ele tem da essência do Ser Humano. Ele não é, e nunca quis ser intitulado como grande conhecedor da pedagogia Waldorf ou da obra de Steiner, ele é um estudioso e um semeador do autoconhecimento, do despertar de consciência do Ser Humano. Ele leva isso com ele aonde ele vai, não se limitando a grupos, classes ou segmentos.
Certa vez fui ao encontro do professor Ruy, e pude com ele desabafar e contar o que estava acontecendo comigo, recém professora Waldorf. Neste dia ele me contou de Ana Lúcia, e me emprestou o “rascunho” do livro. Lembro-me de observarmos juntos, que mesmo dentro de um ambiente tão especial como o da PW, as pessoas estão dormentes.
Levei a apostila de Clarear para casa, e comecei a ler. Mesmo não conhecendo Ana, ou qualquer outro autor dos casos, tive a incrível sensação de ter vivenciado, presenciado ou escutado histórias semelhantes. Isso me deu a certeza de que esse era um livro para ler em nossas reuniões pedagógicas, e que a escola poderia crescer muito com ele.
Foi aí que entrei em contato com a Ana, que me recebeu com muito carinho. Nesta fase o livro ainda não estava editado, e a Ana ainda procurava quem pudesse fazer a introdução, a apresentação do livro. Ela estava procurando por quem pudesse ir além disso, orientar, direcionar o seu trabalho. Ela foi atrás de seus professores de formação, foi atrás de nomes respeitados por todos nós, e ninguém abriu o espaço que fosse para a discussão do tema. Os poucos feed backs que teve eram “entendo, vejo a questão, mas não quero me envolver”. E ninguém acolheu, ou viu a oportunidade de trabalhar as questões levantadas.
Uma pena não ter sido feito o contato com o Dr. Setzer, quem sabe essas questões não teriam tido outros encontros.
Como se pode debater essas questões se não há espaço para isso? Eu não sei dizer ao certo quantos anos demorou para Ana conseguir enfim editar o livro, mas foi bastante tempo. Tempo suficiente para haver manifestações de todos que entraram em contato com o livro.
Ruy César, interessado neste despertar viu, acredito eu, não uma situação isolada da PW, mas um problema da humanidade. Atualmente todas as escolas tem problemas, a educação em si é um caos, há muitos problemas nestas relações aluno /família /professor/ escola/ sociedade. Quantas pessoas poderiam ser despertadas com estes casos? Quantos professores poderão olhar para si mesmos e se identificar? Quantos orientadores, diretores de escola? Quantos pais podem perceber que podem sim fazer diferente? Ou simplesmente perceber que há lados diferentes nas questões, que podem perceber o outro?
Uma das perguntas que Ruy nos incentivaria a fazer é: Qual o sentindo disto? Cabe a cada um de nós se afastar das particularidades e tentar ver o todo.
Qual o sentido do livro Clarear?
Quais são as possibilidades que ele nos traz?
Depois disto, podemos voltar e ver as particularidades. É um exercício constante, e que do Dr. Setzer começou com sua resenha, já clareando e atingindo o objetivo do livro. Só obscurece àqueles que fecharem seus olhos.
É momento de não termos verdades aniquilantes, mas sim de olhar o outro, e juntos olharmos à todas as questões, mesmo aquelas que não julguemos pertinentes, pois estas podem ser muito esclarecedoras para outras pessoas. Isso sim é incluir".