quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Resenha de CLAREAR por Valdemar Setzer

Em meados de agosto fui procurada pelo Profº Valdemar Setzer que me perguntou se alguém havia feito uma resenha de Clarear. Respondi à ele que não. Então me informou que estava elaborando uma resenha e comentou: “O fato de nenhum professor Waldorf ter feito essa resenha até agora já mostra um problema na aplicação da pedagogia Waldorf no Brasil”.
É com imensa satisfação que compartilho nesse espaço a resenha feita por tão ilustre pessoa, conhecedora profunda e praticante da Antroposofia. Desde a concepção de  Clarear, sempre foi meu anseio que as histórias colocadas à público fossem iluminadas pela totalidade de doze prismas diferentes, como recomenda Rudolf Steiner. Sou grata ao Profº Setzer por seu ponto de vista. Que venham outros para enriquecer esta proposta de reflexão, pois como diz Paulo Freire “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação TEORIA/PRÁTICA sem a qual a TEORIA pode virar um blábláblá, e a PRÁTICA ativismo.” (Pedagogia da Autonomia pg 24)
Para introduzir a resenha de Valdemar Setzer, convidei a jornalista Sandra Seabra Moreira, que diz:
"Quem acompanha a movimentação das comunidades antroposóficas sabe o tamanho das responsabilidades que as pessoas assumem e o tanto que, muitas vezes, sacrificam suas vidas pessoais pelo ideal que abraçam.
Também nós que participamos da elaboração de Clarear, desde que nos propusemos a expor nossas vidas e nossas crianças, também nos mantivemos extremamente ocupados – para além das nossas tarefas diárias – com as reflexões acerca dos rumos que tomariam uma publicação tão incomum no contexto da Pedagogia Waldorf no Brasil. Mais do que isso, como nos situaríamos no próprio movimento antroposófico, uma vez que nos colocamos de forma crítica e teimamos em não abandonar o barco. 
De um lado, Clarear ajudou a elaborar as frustrações; de outro, nos colocou em uma condição de vulnerabilidade. De um lado, torcíamos para que todos esquecessem os episódios relatados – são lembranças desagradáveis, tristes e penosas; por outro lado, nós sabemos, a indiferença que gera o esquecimento é a mesma que pode gerar mais ressentimentos. 
Por isso, o trabalho cuidadoso, preciso e isento do professor Waldemar Setzer nos surpreendeu de forma extremamente positiva. São 36 páginas, disponíveis no blog do autor http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/ , e no site da Sociedade Antroposófica do Brasil http://www.sab.org.br/pedag-wal/artigos/resenha-clarear.htm, em que Setzer esmiúça cada relato, realizando a difícil tarefa de separar o joio do trigo. É impressionante notar a dedicação e o empenho do professor, cuja extensa e profícua trajetória profissional, como intelectual e antropósofo, pode ser conferida na sua página na Internet. 
É como se uma grande lufada de vento trouxesse de volta aqueles dias tristes, quando tivemos de abrir mão da Pedagogia Waldorf, em nome da proteção e sobrevivência anímica de nossos filhos. Porém, logo percebemos que estávamos a receber o frescor necessário, a grande oportunidade de reavivar as questões de Clarear, no sentido de buscar o maior número possível de olhares, até, quem sabe, chegarmos ao 12º ponto de vista e atingir a inteireza da compreensão, como nos ensina Rudolf Steiner.  
Cada um analisa os fatos a partir de suas próprias vivências. Entretanto, de nada vale partirmos para o mundo com nossas vivências se não for para transformá-las. O professor Setzer se dispõe a manter contato com os leitores do blog e do livro e, assim, esperamos debater, em blocos, as apreciações do professor em relação a cada relato, seguindo a ordem em que foram publicados no livro. 
Para começar, trazemos a conclusão elaborada por Setzer e duas listas: a dos pontos positivos e a dos pontos negativos conferidos por ele à publicação.
Antes porém, gostaria de expressar minha opinião acerca de dois pontos específicos expressos na Conclusão.
O primeiro deles diz respeito a “forças adversas”, no seguinte trecho:
“Nesse livro fica patente uma realidade: nas iniciativas antroposóficas, não se pode permitir nada mal feito, pois as forças adversas imediatamente usam as falhas para atacar a Antroposofia e suas aplicações. As eW deveriam conscientizar-se disso e fazer esforços muito grandes para sanarem as suas falhas. Em particular, a situação nas eW parece ser deficiente em relação a atitudes frente a professores inadequados e à participação dos pais, que devem ser mais ouvidos e esclarecidos.”
Penso que as forças adversas estejam presentes em todos os lugares, no meio antroposófico ou não; e dentro e fora de nós. E acho que atuam cotidianamente; se assenhoram da faringe e da palavra falada, especialmente quando pais resolvem colocar suas indignações para fora, na frente dos portões das escolas. E quando, inadvertidamente, na sala dos professores, um educador se expressa de forma intolerante em relação a uma família, ou de forma crítica em relação a uma criança. Se há a percepção de que essas forças atuam mais fortemente no meio antroposófico, talvez seja porque há um farto e precioso conhecimento à disposição que é, infelizmente, ignorado na vida prática diária. Ou seja, acredito muito fortemente que somos perseguidos por nossas próprias forças adversas e é contra elas, em nós, que devemos atuar.
Forças adversas atuam também em ambientes onde impera o medo, onde tudo deve ser dito “à boca pequena”. Daí se dizer com frequência da necessidade de um espaço e tempo para que pais e professores sejam acolhidos em suas queixas e inseguranças.
Nesse sentido, acredito que manter, sustentar e expandir o humilde espaço deste blog seja de imensa utilidade. Embora a palavra escrita seja um registro extremamente forte e definitivo, exige reflexão e se opõe à impulsividade, ao extravasamento sem frutos.
O outro ponto que gostaria de comentar é a respeito do “ponto de vista exterior”, e o possível desserviço prestado por Clarear nesse aspecto. É interessante notar como a expressão “alguém de fora”  é incrivelmente utilizada no meio antroposófico. Na escola que frequentei como mãe, havia relutância em que “alguém de fora” fosse chamado para resolver um problema; um consultor, por exemplo. Sendo que esse alguém era um professor mais experiente de outra escola Waldorf. Fiz um estágio prolongado em uma escola e essa condição profissional me deixava na lista dos “de fora” entre os professores, e meio que na lista dos “de  dentro” entre os pais.  É surreal.
Embora a antipatia seja tão necessária para a tomada de consciência, é tão necessária assim a diferenciação? Quem é de fora? Quem é de dentro? A que mundo nos referimos quando dizemos “de fora”, “externo”?  Sim, o conhecimento legado por Rudolf Steiner é precioso, mas é para protegê-lo que inventamos muros? Será que realmente são necessários?
Aliás, não tenho notícias de publicações nesses moldes referentes a outras pedagogias. Será, então, que Clarear não é justamente uma demonstração de um diferencial? Se a Trimembração não é uma realidade tão palpável nas escolas Waldorf, parece que, pelo menos, os pais alcançam uma força além de seus limites para permanecerem firmes a um ideal, ainda que seus filhos tenham sido colocados à margem da proposta. Por essa via, podemos ser chamados pelos “de fora” de fanáticos. Quando simplesmente acreditamos na Pedagogia e no seu potencial, apesar dos resultados nefastos em nossas famílias.
Ao admitir a possibilidade de haver os de dentro e os de fora, eu me pergunto:  “A quem devo minha cumplicidade: ao movimento antroposófico, ao movimento  Waldorf ou às pessoas, às crianças, ao processo de aprimoramento da prática pedagógica?”
Exatamente dentro do movimento antroposófico, devo minha cumplicidade a algumas pessoas. Justamente àquelas que me ensinam com palavras, gestos e ações que a Pedagogia Waldorf deve ir para o mundo, e imagino que ela deva ir do jeito que é: com preciosidades e defeitos.
Enfim, não consigo enxergar esse castelo onde vive a Antroposofia, tampouco a necessidade de reforçar a defesa construindo fossos. Talvez por isso não consiga discernir quem são os de fora e quem são os de dentro. Uma iniciante, talvez? Mais um motivo para comemorar a chegada de mestres como o professor Setzer para que ele possa , com suas argumentações,  elevar cada vez mais o nível de nossos debates. Desde já, seja bem-vindo!"
Sandra Seabra Moreira

Resenha de Clarear por Valdemar Setzer:
 Pontos positivos
  1. "Os critérios de seleção das histórias (V. item 4 acima) parecem muito bons.
  2. "A afirmação da tendência de fechamento das eW em relação ao mundo, citada no item 4 acima é um fato.
  3. "O livro chama indiretamente a atenção das eW para a necessidade de implantarem procedimentos claros para que os pais possam expressar suas preocupações em relação aos professores, eventualmente sem ter sua identidade revelada.
  4. "A ideia de introduzir relatos dos pais foi muito boa, pois dá vida a assuntos em geral tratados abstratamente. Os relatos podem servir para dar uma idéia de vários problemas que podem ocorrer em eW.
  5. "A autora aborda situações e levanta questões que deveriam ser discutidas por pais e professores.
  6. "Essas questões deveriam ser examinadas pessoalmente por todos os professores e pais, tentando verificar se elas não se aplicam a si próprios.
  7. "As perguntas formuladas em todo o livro, que se aplicam às escolas como um todo, poderiam ser compiladas, ordenadas e discutidas em reuniões de professores, de pais e em conjunto com os dois grupos, para se diagnosticar possíveis problemas e verificar se cabe um esforço no sentido de melhorar a escola.
  8. "Em particular, o livro mostra que é essencial que as eW e os pais controlem se os professores estão cumprindo ou não o currículo estabelecido, e que lacunas sejam prontamente sanadas.
  9. "A autora tentou não identificar as eW tratadas no livro, e nem professores e pais cujos casos foram citados. Com isso, evitou conflitos pessoais resultantes do livro. No entanto, veremos no próximo item que esse ponto positivo tem suas falhas.
  10. "É digno de nota muito especial o fato de que, em absolutamente todos os relatos, as crianças que saíram de eW e foram para escolas tradicionais não tiveram dificuldades para se adaptar, o que é um ponto altamente positivo em relação às primeiras. Com isso, a autora contribuiu para desfazer o mito de que, sendo o currículo W tão diferente, as crianças talvez tenham dificuldades de adaptação quando interrompem os estudos em uma eW.
  11. "O livro mostra muito bem que as eW não são perfeitas, aliás, como seria de esperar. Quem sabe ele motive um impulso de essas escolas buscarem uma melhoria, a fim de evitar os males relatados nas "histórias" como, aliás, era o desejo da autora.
  12. "Pelos relatos, pode-se inferir que alguns professores de classe têm problemas; as escolas deveriam cuidar o desempenho desses professores mais de perto, como recomenda a autora. É preciso também avaliar cuidadosamente se o tutor pedagógico (sobre essa função, ver a resposta à pergunta 2 do item 5.7) está tendo o rendimento esperado; por alguns relatos, pode ocorrer o contrário.

 Pontos negativos
  1. "Falta algo fundamental no livro: uma introdução à pW para o público fora do âmbito das eW. Penso que uma pessoa que não conhece a pW adquirirá do livro uma ideia muito parcial dela, e provavelmente errada quanto aos aspectos negativos.
  2. "Uma falha grave é a autora não ter citado o livro de Rudolf Lanz, Pedagogia Waldorf – caminho para um ensino mais humano, 6ª ed., S.Paulo: Ed. Antroposófica, 9ª ed. 2005, referência obrigatória para qualquer texto que trate de pW no Brasil. Várias citações não contêm a fonte, por exemplo a de Steiner na p. 29.
  3. "A autora usa termos sem os caracterizar suficientemente para leigos, como "professor de classe" e "tutor". No último caso, pode haver confusão entre o "tutor pedagógico", e o "tutor de classe".
  4. "Um defeito grave que permeia o livro é a generalização de problemas pontuais como se fossem problemas gerais das escolas envolvidas e, pior ainda, da pW, como o caso do trecho da p. 147 que comentei no item 6.
  5. "A autora não quis identificar os professores e as escolas, o que parece razoável, para não dar um tom pessoal. No entanto, como chamei a atenção em uma das histórias, a menção de uma certa mãe a "classes paralelas" permite identificar de que escola trata o seu caso. Mas ele não é o único. Como há poucas eW em São Paulo, a identificação de cada caso não seria muito difícil. Minha esposa logo reconheceu um deles. Em particular, certas características das escolas saltam à vista.
  6. "Ela parece não saber que a figura do professor de classe tem sofrido adaptações, tanto no Brasil com em outros países, como já citei no item 3 acima, pois não cita esses exemplos.
  7. "Os relatos de evasão são todos do ensino fundamental, a menos da 10ª história onde, aliás, a mãe concorda com a razões para a saída da filha. Com isso, falta no livro uma descrição de problemas do ensino médio das eW.
  8. "Um aspecto que me pareceu grave foi a apresentação apenas da visão dos pais entrevistados, quando a autora deveria, a bem da objetividade, ter também entrevistado os respectivos professores e exposto também o ponto de vista deles. Evidentemente, a falta de objetividade também pode ocorrer com pais, de modo que é necessário muito mais do que uma entrevista com eles para se chegar a uma visão objetiva da realidade. Minha esposa conheceu casos em que os pais alegavam algo sobre seus filhos e ela própria pôde constatar que representavam uma visão distorcida da realidade. Devido a esses fatores, resolvi solicitar à professora de classe do filho da autora do livro que me enviasse o depoimento que consta no apêndice. Deixo ao leitor a tarefa de comparar o relato de Ana Lúcia (item 5.1) com o depoimento da professora.
  9. "O livro deveria abordar também casos em que houve problemas com professores e que eles foram sanados, seja em curto prazo por ações retificadoras, ou com o passar do tempo, com o amadurecimento deles, dos alunos ou dos pais. Esses casos poderiam servir de exemplo para os que não são resolvidos.
  10. "Teria sido relativamente fácil fazer um levantamento de quantos pais estão, por exemplo, muito satisfeitos, regularmente satisfeitos ou insatisfeitos, com várias classes de várias escolas, para mostrar se a insatisfação é generalizada ou não.
  11. "No sentido do item anterior, o livro aborda relatos de casos apenas negativos; talvez devesse ser complementado abordando também casos positivos, para não dar a impressão de que os negativos são preponderantes.
  12. "Todas as perguntas colocadas no fim dos relatos poderiam ter sido respondidas em termos da pW e da realidade das eW, como foi feito neste texto.
  13. "O prefácio de Ruy Cézar não coloca seus pontos principais, amor e autoconsciência, em relação à pW e à Antroposofia, que abordam esses temas em profundidade.

Conclusões
Esta resenha partiu do princípio que os relatos são objetivos e fiéis à realidade, e não interpretações pessoais; quando cabia, foram colocadas dúvidas a esse respeito. Partiu também do princípio que a autora teve contato estreito com várias eW, e que os relatos são de pais também de várias escolas. Baseado nessas premissas e no conteúdo do livro, cheguei às seguintes conclusões:
  1. "O livro trata, claramente, de problemas entre professores e alunos, e professores e pais, para citar a expressão de Ruy Cézar mencionada no item 3 acima. O texto não trata de problemas gerais da pW e sim de algumas escolas, como a relativa falta de controle sobre a atuação dos professores, especialmente os de classe. Minha maior objeção é o livro dar uma impressão de ser uma crítica à pW, quando em realidade ele contém uma constatação de fatos e consequente crítica a certos professores e certas eW. Uma generalização indevida permeia o livro.
  2. "Minha segunda objeção ao livro é o fato de os relatos do item 5 trazerem exclusivamente a opinião dos pais, sem ter apresentado a visão dos professores correspondentes. Os leitores podem avaliar a importância disso comparando o relato do item 5.1, feito pela autora do livro, com o depoimento da professora de seu filho, no apêndice do próximo item desta resenha.
  3. "O nome do livro está errado. Ele não coloca a pW em debate, coloca algumas eW e alguns professores W em debate.
  4. "Nota-se uma certa incoerência entre a admiração que a autora diz professar por essa pedagogia e suas atitudes de parar de frequentar o seminário pedagógico e tirar sua filha da escola no fim do jardim da infância. Afinal, o problema por ela relatado passou-se, segundo ela, somente entre seu filho e sua professora. Isso faz conjeturar que há algo mais profundo, negativo, na relação dela para com a pW e talvez para com a Antroposofia, o que, por exemplo, é confirmado pela menção do livro de Colin Wilson, conforme comentado no item 6 acima.
  5. "O fato de seres humanos, os professores e os pais, serem falhos, não diminui a importância e os bons resultados da pW. Pelo contrário, mostra uma de suas facetas mais importantes: a liberdade que ela dá aos professores. Liberdade pode ser mal ou bem usada, mas é essencial que os professores a tenham, como expus no ítem 6.
  6. "Nenhuma eW é perfeita, pois depende de seres humanos. A autora apontou algumas possíveis falhas. Há várias outras. A mais gritante em minha opinião é a falta de identificação de vários professores com a Antroposofia, quando não são frontalmente contra ela; conheço alguns desses últimos casos. Sem essa identificação, a pW torna-se mera técnica de ensino, como exposto no item 4. É muito possível que essa situação se aplique a vários dos professores mencionados nas "histórias" relatadas pela autora. Se for esse o caso, novamente a culpa não é da pW, é dos professores e das escolas, que não exigem aquela identificação e o estudo constante da base conceitual da pW, como aliás foi recomendado em um dos relatos (V. 5.9).
  7. "A escolha de Ruy César para prefaciar o livro teve o mérito de envolver alguém estranho à pW; no entanto, nota-se a dificuldade de uma pessoa nessas condições, sem grandes conhecimentos dela e de Antroposofia, comentar algo referente à pedagogia e a Steiner. Talvez tivesse sido melhor alguém profundamente envolvido com a pW e a Antroposofia fazer o prefácio – se é que alguém com essas características iria concordar em assumir essa tarefa, face ao conteúdo do livro.
  8. "Apesar dos pesares, os problemas relatados são relevantes. Nesse sentido, recomendo que todos os professores e todos os pais de eW leiam esse livro, refletindo se o que ele relata identifica-se de algum modo com suas próprias pessoas – o que lhes deveria levar a tentar mudarem-se a si próprios e suas atitudes –, bem como as suas escolas. Os casos relatados deveriam ser tema de debates nas eW pelo corpo de professores, suscitando a pergunta: há algo de semelhante ocorrendo entre nós neste momento?
  9. "Em termos de perigo para a pW, a autora não aborda certas questões fundamentais, como a possibilidade de descaracterização geral de algumas eW em relação àquela pedagogia. É interessante notar que todos os casos que ela relata como negativos são desvios em relação ao ideal da pW. Mas são casos pessoais, pontuais; ainda não representam um desvio generalizado de uma escola em relação aos princípios da pW.
  10. "Com o que não posso de modo algum concordar é que o livro seja público, como citado pela autora na p. 29. Ele deveria ter sido editado como material de estudo, vendido exclusivamente em eW e nos seminários de formação, e não como livro vendido em livrarias. Qual é a reação de uma pessoa que não tem a mínima ideia do que vem a ser a pW ao lê-lo? Provavelmente adquirirá uma péssima impressão da pW, pois o seu cerne trata de problemas, e não de resultados positivos, como os que se pode ler no excelente trabalho de Wanda Ribeiro e Juan Pablo [19] entrevistando cerca de 100 ex-alunos formados na EWRS, citado na p. 37. No caso, os problemas não são da pW, como a autora devia ter mostrado caso a caso, e o que procurei fazer, mas problemas de seus professores e de pais; é possível que alguns dos últimos não souberam levar suas preocupações aos primeiros e às escolas. Não se deve também descartar que certas crianças realmente podem ser excessivamente problemáticas. Deve-se ainda considerar que há vários pais que fazem uma ideia errada de seus próprios filhos, ou idealizam-nos fora da realidade como já mencionei no ponto 6 deste item. Lembremos o que foi relatado no ponto 1 do item 8 acima: falta no livro, para o público em geral, uma introdução à pW e definição de termos do jargão W. Além disso, deveria haver uma avaliação da magnitude dos problemas, isto é, em média, quantos pais em cada classe sentem problemas como os relatados ou ainda outros. Sem isso, uma pessoa desavisada pode adquirir a falsa impressão de que esses problemas – relevantes – são generalizados, o que de maneira alguma é uma realidade. Qual é a reação de uma pessoa desavisada ao ler "Selecionei os relatos mais significativos dentre um universo surpreendentemente grande" (p. 32)? Pode ser que esse universo seja até ‘grande’ em números absolutos, mas o que importa no caso é o fator relativo: quanto casos negativos como os que ela relatou ocorrem nas eW em relação aos casos positivos, em que a criança vai até o fim do ensino fundamental e talvez do médio? Provavelmente muitos pais tiveram paciência com problemas como os relatados no livro, e depois ficaram felizes por seus filhos terem ido até o fim dentro de uma eW. É importante frisar que há vários pais, enganados pela pressão dos vestibulares, que tiram seus filhos no fim do ensino médio W para colocarem-nos em escolas que ostensivamente preparam para o vestibular; a esse respeito, veja-se meu artigo "Meu filho está terminando o ensino fundamental Waldorf, e agora?" [20].
  11. "Note-se que a má impressão que o livro pode causar no público em geral engloba o "meio antroposófico" como um todo, como já exposto no comentário sobre a sua expressão "possíveis retaliações pelo meio antroposófico" citada no item 4.
  12. "Faço aqui algumas recomendações para as eW, que podem ser tiradas do livro: 1. As escolas deveriam ter um esquema de chamar os pais periodicamente, pelo menos uma vez por ano, para perguntar, em caráter confidencial, se teriam algo a comentar em relação à escola e aos professores; confirmando-se algum problema, deve-se tomar providências rápidas e relatar aos pais o andamento para a solução do mesmo; 2. Deveria haver uma regra de que qualquer problema com uma criança deve ser comunicado imediatamente aos pais (cf. 5.8, p. 113). 3. Se há tutoria pedagógica de professores de classe, e assim mesmo ocorrem problemas sem que se tomem atitudes para saná-lo, o tutor deve ser mudado. 4. Havendo essa tutoria, deve-se orientar os pais do ensino fundamental a tratar sempre dos problemas de seus filhos primeiro com o professor de classe e, se o resultado não for satisfatório, com o tutor e, em última instância, com a comissão coordenadora do ensino fundamental (que deveria existir em cada eW); 5. Os professores e tutores (tanto os pedagógicos quanto os de classe) devem ser orientados a jamais recusar uma conversa com os pais, dentro de um tempo relativamente curto (cf. 5.8, p. 117).
Em resumo final, do ponto de vista interno à pW, o livro parece ser uma excelente contribuição para o aprimoramento das escolas, dos professores e dos pais, como é a intenção declarada pela autora na p. 38. Certamente há e sempre haverá muito a ser melhorado nas eW, bem como na adaptação da pW para a época atual e para cada ambiente onde cada escola está inserida.
Nesse livro fica patente uma realidade: nas iniciativas antroposóficas, não se pode permitir nada mal feito, pois as forças adversas imediatamente usam as falhas para atacar a Antroposofia e suas aplicações. As eW deveriam conscientizar-se disso e fazer esforços muito grandes para sanarem as suas falhas. Em particular, a situação nas eW parece ser deficiente em relação a atitudes frente a professores inadequados e à participação dos pais, que devem ser mais ouvidos e esclarecidos.
Finalmente, do ponto de vista externo parece-me que o livro é um grande desserviço à pW e à Antroposofia, por induzir impressões errôneas das mesmas. Para o público externo a elas, em minha opinião o livro não clareia, obscurece.
Abraço fraterno
Ana Lúcia Machado

51 comentários:

  1. Oi Ana Lucia, adorei a análise do Prof Waldemar Setzer. Fez com que essa reflexão se torne ainda mais viva. Só a disponiblidade que ele teve em analisar cada história mostra que seu esforço valeu a pena. Agradeço a sua coragem de expor os pontos positivos e negativos da proposta do livro, bem como a versão da professora, o que reforça ainda mais que o propósito e o da transformação positiva, mas para isso temos que ter a coragem de encarar as sombras, aceitá-las para poder transformá-las. Tomara que esses debates suscitem as mudanças necessárias!

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  2. Este é o momento de pais que estão dentro das escolas Waldorf se expressarem sem intimidação, e professores também. É uma oportunidade de ajustes, lapidação, transformações. Podemos fazer uma escola melhor, uma vez que a pedagogia Waldorf fundamenta solidamente as bases, e oferece ferramentas preciosas de utilização diária com as crianças. Só precisamos aprender a manejar melhor as ferramentas disponíveis. Com certeza a movimentação gerada por esses debates estão agitando, oxigenando e higienizando as águas paradas. abç

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  3. Anne Lima deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Resenha de CLAREAR por Valdemar Setzer":

    Assino,sem ressalvas a resenha do Waldemar.Como mãe de ex-aluna e continuando a ter contato com outros ex-alunos desta pedagogia,não me restam dúvidas da importância dela na formação integral do ser humano.Minha sugestão vai sôbre forma de pergunta:Por que não escrever um livro que parta de ex-alunos após pelo menos 5 anos que saíram da nossa escola?Como se veem lá fora?Quais os pontos positivos e negativos e que sugestões teriam agora para auxiliar os professores hoje no que tange às relações?E os pais destes ex-aluno:como veem o resultado da formação que escolheram para seus filhos?

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  4. O Profº Ruy Cezar do Espírito Santo, um verdadeiro e incansável arauto da pedagogia Waldorf diz que alunos da graduação vindos da escola Waldorf se destacam por sua criatividade, sensibilidade e versatilidade. Eu não tenho dúvida a este respeito, senão não estaria dispendendo meu tempo e energia na tentativa de conscientização sobre a necessidade de renovação do movimento Waldorf no Brasil, no aspecto da prática pedagógica e de abertura para o mundo. Acho sua idéia excelente. Quem se habilita? abç

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  5. Prezada Guerreira Ana Lúcia.. embora não tive filhos em eW, sou uma Cientista Social especializada em autoconhecimento trabalhando com Conscientização, Valorização e Conhecimento do Ser.. uma das maiores referências de meu trabalho é ,sem dúvida, a Antroposofia. Sou uma estudiosa desta Ciência porém Livre pensadora. Na minha visão, o que está sendo apresentado no seu Blog é um reflexo do que acontece em todas as outras áreas da Ciência Antroposófica, ou seja, o problema é muito mais abrangente.. Vejo a Antroposofia - tal qual semeada por Steiner - como a Ciência do século XXI! Todos deveriam ter acesso e usufruir de sua riqueza.. mas da mesma forma que muitos continuam matando e comercializando Cristo, a sensação que me causa pelas atitudes de segregação muito forte existentes no meio Antroposófico é que criou-se uma cultura de "preservação" que acaba beneficiando não a humanidade (como era propósito de Steiner) mas - infelizmente - reproduzindo e incentivando a cultura capitalista... Estou ainda relutando para concluir que diante de atitudes que venho acompanhando direta ou indiretamente em quase 15 anos de relacionamento que mantenho com a Antroposofia, tudo leva a perceber cada vez mais claro que a teoria está divergente da prática, ou seja, está parecendo que "não é interessante" tornar público a harmonia entre matéria e espírito, entre a ciencia e a espiritualidade..
    Esta é até agora a única explicação que estou encontrando como verdadeira causa diante de tantas justificativas não convincentes.
    Por outro lado, estamos vivendo sinais claros de uma grande transformação que se aproxima (2016), estamos vendo o Ser Humano apresentando sinais claros de um desequilíbrio nunca antes imaginado.. A cultura do TER não mais está conseguindo suprir o mundo do SER.. é chegada a hora de unirmos as boas energias em sincronia e caminharmos para juntos colaborarmos na construção de mundo cada vez melhor, de uma humanidade cada vez mais consciente, saudável, próspera e feliz.. A educação é sem dúvida uma pilastra muito forte e importante nesse processo de transformação. Devemos sim seguir adiante, analisando, comentando, melhorando, agindo.... sempre com o propósito maior de divulgar, conscientizar e tornar acessível A TODOS as riquezas da Antroposofia mesmo que venha a ser rotulada ou segregada como movimento neo-Antroposófico. (linguagem mais simples, custo mais acessível, diversidade regional, liberdade,respeito,ética e desenvolvimento etc..)

    "Somente quando nos voltarmos para a Consciência do Ser, harmonizando o sentir e o pensar, conseguiremos dominar nossos instintos predadores, para deixarmos a condição de animais
    racionais e conquistarmos a Dimensão Consciente do Ser, voltando a viver no paraíso".

    Parabéns, a todos que estão abertos e empenhados
    em colaborar na construção de um mundo cada vez melhor e mais humano.

    Tenho solitariamente caminhado neste sentido com meu trabalho e agora começo a ver outros caminhantes nessa estrada. Que satisfação.
    Juntos, podemos fazer mais e melhor..evoluir sempre, estagnar, jamais.

    Quem acha interessante promovermos um fórum: - A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI: a dificil arte de educar em tempos de estresse e violencia???

    Lindaura Ambrosio
    www.clubedavida.org.br

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  6. Olá a todas/os,

    Gostaria de chamar a atenção para um erro recorrente que apareceru em minha resenha. Devido a uma alteração automática que fiz logo antes de carregar o arquivo na seção de pedagogia Waldorf do site da Sociedade Antroposófica, foram introduzidas aspas logo depois dos números nas listas numeradas, como em

    1. "Os critérios de seleção das histórias (V. item 4 acima) parecem muito bons.

    Vou acertar isso e aviso quando estiver pronto.

    Gostaria ainda de chamar a atenção para um ponto importante. Ana Lúcia escreveu:

    "Este é o momento de pais que estão dentro das escolas Waldorf se expressarem sem intimidação, e professores também."

    Não concordo com o uso generalizado da palavra "intimidação". Mas, independente desse detalhe, pais e professores, de qualquer escola, de qualquer sistema educacional, não devem expressar-se sobre seus problemas em público, como seria por exemplo o caso desse convite da Ana Lúcia. No caso, simplesmente por que quem não tem ideia do que seja a pedagogia Waldorf pode adquirir uma ideia completamente errada dela. Roupa suja lava-se em casa, por quem sabe a origem dela e pode discutir como lavá-la. Esse é precisamente o caso de intimidações nas escolas Waldorf, se existirem.

    A Internet é uma ferramenta maravilhosa, que permite uma extrema liberdade na comunicação. Infelizmente, a humanidade ainda não está preparada para o uso de tanta liberdade -- tenho uma desconfiança de que os males produzidos pela Internet, principalmente em crianças e adolescentes, está ultrapassando de longe os seus benefícios.

    aaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  7. Todo esforço de Clarear é para a legitimação de canais de comunicação de fácil acesso e eficazes dentro das escolas Waldorf. Todo esforço de Clarear é no sentido de dissipar a névoa de medo existente em relação aos possíveis conflitos. Cito em Clarear o Profº Heinz Zimmermann em seu livro “Forças que impulsionam a Educação” e é importante citá-lo novamente aqui: “Onde não reina mais a confiança original da fase pioneira, nem regras claras sobre como proceder em casos de conflito, gera medo – medo em relação aos demais colegas, em relação aos pais, dos pais em relação aos membros da Associação Mantenedora. Um emaranhado de medo permeando tudo e muitas vezes envenenando o convívio.”

    Há uma preocupação exagerada em não denegrir a imagem da Pedagogia Waldorf para o mundo, e Clarear está alertando justamente para a necessidade do cuidado com a prática pedagógia dentro das escolas para que esse público interno seja sempre um arauto da pedagogia Waldorf. É preciso compreender que Clarear fala de algo maior.
    Os casos pontuais, as dez histórias relatadas no livro, não podem ser classificadas como generalizações. Elas têm um carácter emblemático e é preciso que toda a comunidade aprenda e cresça com essas histórias.
    abç
    Ana Lúcia

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  8. Olá, Ana Lúcia e leitores,

    Já acertei as aspas em excesso que havia em minha resenha. Ana Lúcia, se possível, por favor troque os trechos que você copiou para seu blog.

    Ocorreu-me chamar a atenção para o questão da "intimidação" mencionada por Ana Lúcia na sua postagem acima, e também em seu livro. Há um livro, já antigo, sobre pedagogia Waldorf, escrito por C. Lindemberg, cujo título começa com "Waldorf--Schulen: Angstfrei lernen", que significa "Escolas Waldorf: aprender sem medo". Justamente, uma das bases da pedagogia Waldorf é fazer os alunos aprenderem sem serem forçados a isso por intimidaçãoes de notas(que eu chamei há muito tempo de "varinhas de marmelo moral"), reprovações e outros recursos anti-pedagógicos. Portanto, falar de "intimidação", de qualquer natureza, em relação à pW é algo totalmente descabido. Isso não significa que ela não possa ocorrer, por parte de pais ou professores que simplesmente não aplicam seus princípios. Mas não se deve confundir esses princípios com práticas erradas. Se o público que não conhece a pW ouve falar de que há intimidação por parte de professores nas eW, pode adquirir uma ideia TOTALMENTE errada da pedagogia e de sua prática.

    aaaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  9. Quem hoje zela pela correta aplicação dos princípios da pedagogia Waldorf nas escolas? Quem garante a correta aplicação dessa pedagogia por parte dos professores? Qual o papel da Federação das Escolas Waldorf do Brasil? Existe um órgão, instituição que cuide desse aspecto?
    abç
    Ana Lúcia

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  10. Olá, Ana Lúcia e leitores,

    Está havendo aqui uma falta de conhecimento da pW e de seus princípios. Cada escola Waldorf é livre, e quem cuida dos seus aspectos pedagógicos é o corpo de professores. A aplicação correta da pedogogia deve ser feita dentro das escolas, e isso é responsabilidade exclusiva dos seus professores. Obviamente, pais que conhecem profundamente a pedagogia poderiam ajudar nesse processo, mas a última palavra deve ficar com o corpo docente. A Federação das Escolas Waldorf no Brasil certifica escolas, depois de examinar como a pW está sendo aplicada. Obviamente, para isso são examinados aspectos gerais, e não pode haver uma verificação contínua dessa aplicação. Parece que a Ana Lúcia queria que existisse um órgão que fiscalizasse cada detalhe de uma escola. Isso iria contra o próprio espírito da pW.

    Lindaura escreveu:

    "a sensação que me causa pelas atitudes de segregação muito forte existentes no meio Antroposófico é que criou-se uma cultura de "preservação" que acaba beneficiando não a humanidade (como era propósito de Steiner) mas - infelizmente - reproduzindo e incentivando a cultura capitalista..."

    Por favor, seja objetiva e dê exemplos concretos dessa "segregação muito forte" e dessa "cultura de preservação ... reproduzindo e incentivando a cultura capitalista". Daí poderemos discutir alguma coisa.

    aaaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  11. LINDAURA AMBROSIO DEIXOU UM NOVO COMENTÁRIO:

    Em primeiro lugar quero agradecer a atenção do prof.Setzer e registrar minha satisfação em interagir com um profissional tão ilustre e respeitado. Em atenção a sua solicitação, apresento um exemplo inicial, entendendo eu como simples e significativo, que bem se insere nesse universo em discussão: - Trata-se da própria forma de linguagem. No meu entendimento, a linguagem utilizada pelo meio Antroposófico pode ser interpretada como uma forma – mesmo que inconsciente – de segregação, pois é bastante complexa para quem não é do meio. Sendo assim, é uma minoria que compreende a extensão, a profundidade ou a riqueza de seus conceitos. Estou falando de forma generalizada de literaturas, estou falando de palestras.. podendo arriscar a incluir também reuniões nas eW entre pais e mestres..
    - Que pessoa não inserida no meio (e nos estudos) consegue ter fácil compreensão?
    - Como os pais não Antroposóficos de alunos podem colaborar com a pedagogia das eW se possivelmente eles mesmos não tem consciência da importância da educação Integral, pois eles mesmos ainda não se descobriram anímicos?
    Neste sentido, fica difícil , desgastante e muitas vezes proibitiva a acessibilidade ao universo Antroposófico - em toda sua extensão – fazendo com que essa riqueza permaneça nas mãos de uma minoria privilegiada.
    Por outro lado, conheço um projeto denominado “Antroposofia para Todos” que se propõe a divulgar a Antroposofia para todas as regiões de São Paulo (zonas Norte, Sul, Leste, Oeste e depois para outros estados do Brasil) através de uma linguagem acessível ao leigo, a um custo mais popular e que até hoje não recebeu nenhum apoio sob justificativas das mais variadas.
    Com estas palavras, espero ter conseguido esclarecer seu apontamento e reiterar que a Antroposofia , aberta e travestida de modernidade, insere-se perfeitamente como a Ciência do século XXI - O século do apogeu do SER.

    Atenciosamente,

    Lindaura Ambrosio.

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  12. Olá a tod@s.

    Sou diretor de escola pública no município do RJ. Estou aprendendo muito com todo esse movimento em torno do livro e da resenha.
    Ocorre que não posso deixar de pontuar algumas questões que considero de grande relevância:
    1. Ana Lúcia precisa assumir que o título do livro não condiz com o teor do livro. Isso pode parecer irrelevante mas penso que não podemos compactuar com inverdades;
    2. Ana Lúcia poderia explicitar porque abandonou o curso de formação se está tão ocupada em aprimorar a prática da pedagogia waldorf ?
    3. Não seria o caso de Ana Lúcia concluir sua formação, candidatar-se ao cargo de professora waldorf em alguma escola e nos apresentar através do seu próprio exemplo como se pode ser um "professor waldorf no séc. XXI"?
    4. Por fim, preciso divergir da Lindaura que se intitula como "livre pensadora".
    Seus comentários me cheiram a típica crítica sem autocrítica.
    Onde fica o esforço pessoal de ir buscar entender o que não se compreende de início?
    Se quero fazer parte do círculo dos sociólogos, dos engenheiros ou dos filósofos sou eu quem devo me elevar ao patamar destes e não esses que devem se rebaixar ao meu nível.
    Esse narcisismo de achar que é o outro que tem de se adequar a mim, a minha linguagem e ao meu modo de ver o mundo é lastimável. Isso não é adequar-se às mudanças do mundo contemporâneo, isto é delírio de autoreferência! Onde está a autocrítica?
    4.1. O texto sugere que diante de alguém que não "consegue ter fácil compreensão" ou pior "um pai que não tem consciência de educação integral..." a falha seria da Antroposofia por não atender a todos e a cada um ao seu modo.
    Nem a antroposofia, nem a sociologia, nem qualquer saber construido historicamente será capaz disso! Precisamos sair do nosso delírio narcisista, esvaziar nossos egos inflados e correr atrás do nosso prejuízo.
    Vigiemos esse impulso de criticar sem nos autocriticar, bem como, esse terrível impulso de criticar sem antes ter tido o cuidado, a entrega e a disciplina de captar o essencial daquilo que me proponho a des/re/construir.

    andersonpaulinodesouza@gmail.com

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  13. Caro Anderson,

    Sou ex-mãe Waldorf. Terminei o Curso de Formação e não quis ser professora. Sou jornalista e já fui educadora em alguns projetos não relacionados à Pedagogia Waldorf. Mantenho meus estudos de Antroposofia e Pedagogia Waldorf junto a um grupo de ex-alunos da minha turma do Centro de Formação.
    Penso sinceramente que a Ana Lúcia se posiciona como uma buscadora de respostas. E o fato de não ter terminado o Curso de Formação em momento algum a desqualifica dessa condição de buscadora. Aliás, infelizmente, nem mesmo em algumas escolas Waldorf esse curso é exigido, especialmente para professores do colegial. Não sei o motivo, mas uma vez ouvi que, também nesse quesito, o professor tem a liberdade de trilhar um caminho próprio de aquisição de conhecimento. Como se pode perceber, liberdade parece ser o bem maior, ao qual ninguém deseja abrir mão. Nesse caso, lamento muitíssimo pois o Curso de Formação é uma experiência maravilhosa.
    De qualquer forma, o fato de não ser professora não tira a liberdade de alguém se posicionar criticamente em relação à prática pedagógica.

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  14. Caros,

    Quanto ao que disse Lindaura, imagino que ela esteja se referindo a uma questão que muitas vezes me assombrou: Como a Antroposofia pode chegar às camadas menos favorecidas da população, uma vez que demanda conhecimentos que nem sempre estão disponíveis a essas pessoas?
    Essa pergunta também cabe no que se refere ao professor, e não só a ele. O despraparo intelectual dos profissionais, nas mais variadas categorias, é um fenômeno mundial. Por conta de uma série de fatores, como a horizontalização da informação. Muita gente sabendo superficialmente muita coisa. Crítica, aliás, que se faz com frequência em relação aos jornalistas e com a qual convivo permanentemente. Então, é impossível que a Antroposofia chegue a um maior número de pessoas?
    Acredito que não é impossível. Mas, se temos que lidar com um público que não é formado por engenheiros, nem sociólogos, nem médicos, nem professores - afinal, com estes públicos realmente se pode e se deve exigir erudição - como fazer? Não acho que seja tarefa fácil.

    Se apropriar de um conceito, elaborá-lo e então transmití-lo de maneira mais simples exige um esforço incrível. Esse conceito tem de ser algo verdadeiro internamente. Se assim for, ele preservará a essência do que deve ser dito. Chamo de viver internamente o buscar no mundo a correlação com o conceito, buscar outros autores a respeito do assunto, ver como esse conceito abstrato se dá na vida real, buscar imagens para ele.
    Dessa forma pode-se atingir qualquer público, inclusive adultos intectualmente despreparados. Uma das principais leis pedagógicas preconizadas por Steiner é essa: vamos até onde a criança - ou pessoa que desejamos esclarecer - está, adentramos seu mundo e a partir daí, com os referenciais dela, podemos abordar o que for pertinente.
    Imagino que seja por aí que esse movimento que a Lindaura citou está agindo. Aliás, são muitas as iniciativas socais antroposóficas que utilizam da Pedagogia não só com as crianças mas também com os adultos. E fiquei bem curiosa em saber:
    Anderson, a escola pública onde você trabalha é Waldorf? Se sim, como se dá o estudo da Antroposofia entre os professores? Se não, como os professores enxergam a proposta da Pedagogia Waldorf?

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  15. Olá Sandra.

    Infelizmente a escola pública que dirijo não é Waldorf.
    Aliás, diante da miséria que se vê na atual educação brasileira, grosso modo, poderia dizer que não seria de todo ruim se na minha escola estivessem os professores waldorf citados no livro da Ana Lúcia...
    Entendo sua defesa à Ana Lúcia e ao argumento da Lindaura mas acho que as respostas deveriam vir delas próprias.
    Note que não invalido o argumento da Ana, tampouco o fato de ela não ter concluido a formação. Mas acho estranho ter a possibilidade de "ser a mudança que queremos ver no mundo" como diria Gandhi, e não fazer uso disso, preferindo "agir" à distância.

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  16. Uma pessoa anônima deixou um comentário em outra postagem, mas que achei bem interessante compartilhá-lo aqui.

    Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "PROFESSORES: REFÉNS DE UM TEMPO TAREFEIRO?":

    Ana,embora tenha muito mais a partilhar do que eu mesma havia me dado conta,ao ler a resenha escrita e os comentários não consegui,por hora, escrever,mas consegui encontrar uma imagem e a deixo na minha identificação!A ela acrescento que se novos paradigmas não começarem a ser discutidos urgentemente dentro da Pedagogia Waldorf e nas Escolas Waldorf,pouco irá sobreviver da essencia deixada po Rudolf Steiner.
    Por outro lado esta resenha me permite uma percepção incrível!!Se não houver a morte do que se deteriorou tão destrutivamente reconhecida em muitos paragrafos e posições,nada novo irá surgir!Que venham mesmo muitos relatos bem semelhantes...continuemos a chamar de "situações pessoais"aquilo que destroi por dentro e portanto é um tumor que cresce...silencioso...
    Na tristeza mas também na esperança aguardo que o renascimento se complete num tempo vindouro.Por hora, estou a acompanhar os caminhos tão bem expostos em que identifico o 'ranso'de aonde uma Pedagogia pode chegar.Esta já possa partir.Algo realmente novo precisa germinar...com outro olhar,outro pulsar.Uma nova luz, num tempo,que espero, ser breve!
    Nossa homenagem ao que virá, esperemos a Fênix!Olhemos para o céu e continuemos no caminho da renovação.
    O seu Ana,foi sem dúvida um grande passo!Somos todos gratos em nossa casa em toda a nossa família e entre amigos daqui e de outros pontos espalhados por muitos lugares!

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  17. Olá Sandra Seabra e demais.

    Quero deixar claro que não busquei desqualificar as contribuições de Ana Lúcia. Veja que iniciei meus argumentos ressaltando estar aprendendo muito com tudo isso.
    Mas confesso que me intriga o fato de Ana ter tido nas mãos a oportunidade de "ser a mudança que queremos ver no mundo" da qual nos fala Gandhi e desperdiçá-la, optando, inclusive, por uma atitude de afastamento e, no caso do livro, criando um falseamento que mais ofusca do que clareia.
    O livro trata mais de como os humanos estão conseguindo implementar a PW do que da Pedagogia Waldorf em si.
    Respeito sua defesa da fala das suas amigas, mas gostaria muito de "ouvi-las" a este respeito.

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  18. Caro Anderson,

    Acredito que a Pedagogia Waldorf tem muito a contribuir no sentido de melhorar a situação da educação, no país e no mundo. E, que eu saiba, nada impede de se desenvolver um projeto para envolver professores de escolas públicas. Conheço vários profissionais da rede pública que se beneficiam do estudo da Pedagogia, aprimorando suas práticas.
    Aliás, remetendo-me ao que discutimos anteriormente, a respeito da necessidade de capacidade intelectual elevada para compreensão da Antroposifa e, por tabela, da Pedagogia, gostaria de citar um fato recente. Assisti uma palestra com o doutor Bruno Callegaro - autor do livro Momentos de um Caminho - Reflexões sobre a Vida de Rudolf Steiner. O tema da sua palestra era o Corpo Etérico. A sua linha de raciocínio foi tão bem feita, ao mesmo tempo tão simples, que qualquer pessoa, de qualquer nível intelectual entenderia, ou começaria a entender, o que é o etérico. Na verdade, acredito que em palestras, workshops e reuniões de escola, a compreensão do público está mais vinculada à habilidade de quem fala, à sua sensibilidade em relação ao público ouvinte do que necessariamente ao aporte intelectual desse público. Antroposofia é um conhecimento vivo e se for apresentada ou estudada como um amontoado de conceitos, se transforma nisso mesmo: um amontoado de conceitos que ninguém quer chegar perto. Basicamente quero dizer: sim, tenho esperanças e acho que jamais devemos aceitar conviver com o sentimento de que "não há nada a ser feito". Um abraço!

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  19. Uau! Que lavação de roupa suja mesmo,hein? Sou uma recente mãe Waldorf e fui convidada a conhecer o blog e a princípio achei interessante, pois estou começando a me inteirar sobre a pW. Achei estranho que no início tivessem tão poucos posts...mas agora entendo que era a partir apenas de um ponto de vista. Agora começa a ficar interessante, pois realmente está se iniciando uma discussão, com a resenha feita pelo Sr. Setzer, que possui profundo conhecimento da pW. O que não creio ser construtivo são os "ataques" de quem fez ou não fez algo... Concordo com o que disse Sr. Setzer, de que, quem não conhece nada sobre esta pedagogia terá uma péssima impressão apenas com o livro, porém o que me chamou a atenção para esta pedagogia é o fato de formação do ser humano, do que a humanidade está precisando nos dias atuais e que apenas na pW encontramos esta preocupação. Estou vivenciando isto, uma preocupação séria com o desenvolvimento da criança, que a princípio é o que queremos, não? Ao invés de ficar trocando farpas, sugiro que surjam temas pelos especialistas, assim como bem o fez o Sr. Setzer, que realmente contribuam para ajustar os conceitos de Steiner à realidade atual. É realmente uma pena esta pedagogia estar restrita à apenas algumas escolas.

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  20. Olá Ana, olá Sandra, olá Anderson.. e a todos os demais leitores desse Blog tão especial.. Não pensei em responder ao comentário feito pelo Diretor Anderson pelo fato de perceber que temos, nesse assunto, visão e posturas bem diferentes. Pessoalmente, eu pratico o respeito pelas diferenças sejam no pensar, no sentir ou no agir.. e por isso não costumo ter o hábito de querer convencer ninguém de nada.. basta que minha consciência não me critique,que está tudo certo..Isto não deve ser entendido como arrogância ou prepotência, mas, uma forma de SER que acredita não existir melhores ou piores, existem apenas diferentes níveis de consciência que fazem parte da diversidade em que vivemos. É graças a esta diversidade que evoluímos, cada um no seu ritmo, cada um na sua história, cada um no seu momento.. Porém, como o diretor Anderson explicitou que gostaria de uma manifestação minha, atenderei com prazer o seu pedido:
    - Primeiramente quero registrar que eu e Sandra Seabra sequer nos conhecemos,nunca nos falamos.. porém a brilhante ponderação que ela fez e vem fazendo mostra sim que estamos em sincronia e, neste século XXI são os semelhantes que se atraem e se tornam companheiros verdadeiros.
    - Tudo o que poderia lhe dizer, Anderson, a Sandra realmente já o fez.. mas para que você possa compreender ainda melhor o que escrevi e para evitar que pensamentos possam brotar sem direção, vou falar a mesma coisa que disse no texto resposta ao prof. Setzer , porém agora com uma linguagem ainda mais simples e esclarecedora para atender o seu pedido:

    "_ A Antroposofia não causa qualquer malefício, muito pelo contrário, é a solução.. porém, pouca gente conhece a existência desse "remédio" - que pode "curar" muita gente - e quando alguém consegue uma amostra dele, não consegue entender a bula."
    O Farmacêutico, o Quimico, o Médico estão lidando com vidas e não com mentes intelectualizadas.

    Para concluir, observe que a riqueza maior da Antroposofia - cuja essencia não foi "estudada" e sim "revelada" à Steiner é justamente a harmonia entre o pensar e o sentir, entre o Ter e o Ser.. Ciência e Espiritualidade fazendo as pazes..
    Esse "remédio" que beneficia pessoas , Steiner pediu para ser divulgado ao mundo, pois sabia que também lidava com vidas.. e TODOS , sem distinção, temos direito a ela..

    Atenciosamente,

    Lindaura Ambrosio

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  21. Olá Lindaura, Sandra e demais.

    A fala da Sandra por si já desconstrói a opinião da Lindaura. Quando Sandra nos diz que assistiu a fala de Bruno Callegaro, respeitavel antropósofo, e o entendimento era possível a qualquer leigo, isso já desmonta a visão de Lindaura quando diz que a Antroposofia cria barreiras a começar pela linguagem.
    Conheço inúmeros antropósofos capazes de fazer o mesmo que fez o Sr. Bruno Callegaro.
    Então acho que essa atitude de criticar, sem antes exercer uma autocrítica, atrapalha mais do que ajuda.
    O que fizemos para modificar isso a partir de dentro?
    Porque não utilizamos a fórmula Gandhiana de "ser a mudança que queremos ver no mundo" ao nos vincularmos ao movimento antroposófico e à Pedagogia Waldorf?
    Por fim, penso que não deveríamos desviar o foco do motivo central que nos reune neste blog: discutir o livro Clarear e a resenha do professor Valdemar.
    Ainda aguardo ansiosamente conhecer o que pensam sobre a incoerência entre o título do livro e o teor do livro, e ainda sobre as indevidas generalizações de casos pontuais.

    Amor altruísta
    Anderson Paulino

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  22. Considero oportunista o impulso de escrever um livro baseado em pesquisas não científicas (Qual é o universo? a amostragem? para tais depoimentos contrários/problemáticos quantos outros mostram sucessos?) que fica mostrando casos para justificar um problema pessoal,um trauma, uma incompreensão dos processos tão complexos e delicados que acontecem numa classe, e que na maioria das vezes são tratados com enorme seriedade pelo professor e colegiado; com um título dúbio, claramente escolhido para confundir, mesmo que seja inconscientemente ( o que já dá uma idéia da condição da autora, pois antroposofia é consciencia). Terapia artística seria muito mais eficiente para tratar esse problema, o livro não propicia reflexão ( professores lidam com problemas com pais ansiosos diariamente com muitos sucessos e ficar sabendo de casos fora do contexto em que aconteceram nada acrescenta, só publicam imperfeições). Estava demorando para o PLANS baixar por aqui, mesmo que disfarçado. Sinal que a Pedagogia Waldorf é um impulso florescente e forte no Brasil!

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  23. Caro Anderson,

    Também na tentativa de responder o seu questionamento:

    Penso que o verbo "Clarear" utilizado no título se remeta a uma intenção, desejo, ou necessidade de que isso aconteça. Ou ainda: um convite. São pais que tiveram experiências ruins em escolas Waldorf e desejam respostas.
    Como Lindaura já esclareceu, não estamos aqui participando em equipe. Somos individualidades e cada um está a expor suas próprias ideias.
    Não entendi se a afirmação "indevidas generalizações de casos pontuais" se aplica a todos os relatos. Se sim, há nisso uma outra generalização; porque em relação ao meu relato, tive o cuidado de observar e pesquisar como o fato ocorre com outras crianças, inclusive como o fenômeno relatado se dá na escola pública. Meu relato traz um contexto de deformidade da nossa sociedade, e não especificamente da Pedagogia Waldorf, embora esta devesse trazer um lenitivo a esse contexto. Imagino que em breve poderemos falar mais especificamente sobre isso, com o andar do debate. Por ora, ao que tudo indica, esse processo está sendo um aprendizado valioso para você também, não?

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  24. Sou e continuarei sendo um arauto da pedagogia Waldorf onde for e estiver, e continuarei a propor a renovação do que temos hoje. A vida me abriu outros caminhos. Muitas vezes planejamos algo que não se define da forma que imaginamos inicialmente. Eu adoeci juntamente com meu filho e me vi impossibilitada de concluir minha formação, infelizmente. No ano em que poderia retomar o curso ainda não me sentia preparada e procurei o centro de formação de professores fazendo esta colocação. E a partir de então outras portas foram se abrindo. Não estou hoje dentro de uma escola, mas falo com a experiência e autoridade de quem já vivenciou o dia a dia como mãe Waldorf. Isso ninguém pode contestar: o que vi, o que ouvi, provei, senti, a dor que compartilhei com outros pais, as dificuldades e tropeços do caminho.

    Clarear acolhe vivências, percepções, sentimentos, perguntas de pais que estiveram dentro das escolas Waldorf e a partir desta vivência real, pontual, convida a comunidade a refletir. Ninguém é dono da verdade. Essas histórias simbolizam que algo ( o que?) precisa ser transformado. Podemos descobrir juntos, sem melindres, sem acusações, mas com humildade e com a consciência de que estamos a caminho.

    Clarear não traz apenas críticas negativas, há um reconhecimento do quão positiva e necessária é esta pedagogia nos dias de hoje, mas se nos aproximarmos com espíritos armados não poderemos enxergar o que o livro nos traz e qual sua proposta.

    Quem imaginou encontrar respostas em Clarear, se decepcionou, o livro apresenta perguntas. Quem achou que Clarear fosse abrir um caminho de luz, se enganou, ele mostra sombras, mas nele há a esperança de juntos iluminarmos esse caminho.

    Se partirmos para um debate maduro, poderemos crescer. Peço que permaneçam neste espaço aqueles que tiverem este intuito. Quem estiver apenas com vontade de especular, de ver o circo pegar fogo, que dê lugar a outros.
    Abraço fraterno
    Ana Lúcia

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  25. Aplausos para Ana Lucia!

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  26. Olá a todas/os,

    Gostaria de sugerir que as contribuições fossem mais objetivas. Pegue-se um ponto, e se o discuta, em lugar de se abordarem generalidades e se fazerem recomendações vagas, sem valor prático.

    Quero recomendar aos leitores que leiam minha resenha na íntegra, e não apenas os três itens copiados pela Ana Lucia; vejam-na em

    http://www.sab.org.br/pedag-wal/artigos/resenha-clarear.htm

    Tudo o que eu tinha a comentar, inclusive sobre os pontos que têm sido levantados aqui, estão cobertos em minha resenha. Mas há algo que eu preciso comentar em especial. Lindaura escreveu em 14/9:

    'Para concluir, observe que a riqueza maior da Antroposofia - cuja essencia não foi "estudada" e sim "revelada" à Steiner é justamente a harmonia entre o pensar e o sentir, entre o Ter e o Ser.. Ciência e Espiritualidade fazendo as pazes..'

    Rudolf Steiner foi um verdadeiro pesquisador e, portanto, estudioso do mundo espiritual. É só estudar profundamente sua biografia e sua obra (ambos não podem ser separados, como ele mesmo disse) para se constatar isso. Suas observações daquele mundo não são de modo algum "revelações" como as "recebidas" pelos místicos e profetas.

    Quanto à "paz" entre ciência e espiritualidade, estudem meu artigo

    http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/ciencia-religiao-espiritualidade.html

    Quanto à harmonia entre pensar, sentir e (faltou) o querer, vejam

    http://www.sab.org.br/antrop/artigo-disposicoes-animicas.htm

    aaaaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  27. Olá a tod@s.

    Sandra, quando falei das indevidas generalizações eu me referi ao item da resenha onde o próprio Setzer sinalizou as histórias onde isso ocorreu. Se puder reler a resenha você verá quais foram os casos onde isso ocorreu.
    Concordo com Ana quando afirma que o livro mostra sombras, a começar pelo título. E foi por isso que inicialmente quis saber do que pensam a respeito da conclusão número 3 da resenha do Setzer.
    Para alguém que se intitula um "arauto da pedagogia Waldorf" penso que valeria explicar outra questão que Setzer sinaliza na resenha que é a ausência de um capítulo no livro trazendo o básico da PW para aqueles que forem ler (sobretudo para os que não a conhecem).
    Segundo, você diz que "Clarear" traz histórias que simbolizam que algo deve ser transformado. Pergunto: Transformado em quem? Naqueles que não souberam ou não puderam aplicar a PW quando deveriam tê-lo feito? Naqueles que tiveram a "faca e o queijo" na mão e preferiram afastar-se ao invés de ajudar a aperfeiçoar a prática waldorf?
    Para mim, Clarear traz fatos onde não prevaleceram as orientação da prática pedagógica waldorf onde isto deveria ter ocorrido. Isso é diferente de colocar o foco na Pedagogia Waldorf (como o título sugere!). Um "arauto" da P.W. não deveria inicialmente (em seu primeiro livro ou ao menos no primeiro capítulo do seu primeiro livro) "buscar o que os une, ao invés daquilo que os afasta"?
    Já disse e repito: um debate maduro precisa conter crítica e autocrítica.

    Amor altruísta
    Anderson Paulino de Souza

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  28. Prezada Ana Lúcia e demais leitores.. neste momento quero registrar e compartilhar que devido minha intenção ser de não competir e sim realmente colaborar no "Clarear" , eu vou continuar acompanhando e participando da sua inicitiva tão importante e necessária, com pequenas gotas de sincera contribuição, sem a prepotencia de ser a dona da verdade, pois não faz parte do meu perfil e sabendo, inclusive, rir e aprender com os erros, tendo também a humildade de me desculpar quando preciso for.
    Com esse objetivo, estou redigindo um pequeno texto apresentando algumas idéias PRÁTICAS para refletirmos e começarmos a nos libertar do volume dos conceitos e pré-conceitos e vislumbrarmos um pequeno raio da luzinha de uma nova dimensão.
    Em breve enviarei esse texto para "clarear".
    Por ora, acho que todos podemos desfrutar do que disse J.M. Keynes..

    "A dificuldade não está em aceitar novas idéias, mas libertar-se das velhas.."

    Atenciosamente,

    Lindaura Ambrosio

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  29. Concordo com o professor Setzer quanto à Steiner não ser um profeta. Ele buscou entender o mundo espiritual a partir do conhecimento que a humanidade amealhou ao longo de milênios. E é isso, justamente, que faz a Antroposfia ser tão instigante. Steiner mais agregou do que separou, deu um sentido mais elevado ao conhecimento terreno. E várias vezes nas suas palestras tornadas livros, Steiner estimula a que cada um busque suas respostas. Imagino que a aceitação de que cada pessoa tem seu próprio caminho e seu jeito de entender as coisas é um desafio para todos nós.
    Particularmente, eu gostaria também de começar a contemplar as perguntas contidas em "Clarear", e as respostas oferecidas pelo professor Setzer, com a oportunidade de debatê-las.
    Abraço

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  30. Ola, Sandra e leitores,

    Sandra escreveu:

    "Concordo com o professor Setzer quanto à Steiner não ser um profeta. Ele buscou entender o mundo espiritual a partir do conhecimento que a humanidade amealhou ao longo de milênios."

    Isso não está correto. Como é absolutamente claro em suas obras, especialmene sua autoboiografia "Minha Vida", ele fez todas as investigações do mundo espiritual por conta própria e DEPOIS confirmou-as no conhecimento que foi registrado. Um exemplo disso são as extraordinárias revelações que ele fez sobre os evangelhos, nos ciclos de palestras correspondentes; ele disse explicitamente que DEPOIS de fazer sua investigação espiritual ele confirmou que os evangelhos estavam corretos.

    Como eu já disse, há um problema enorme na Antroposofia: é preciso um conhecimento e vivência muito profundos dela para se começar a comentá-la. Um exemplo desse problema são as teses e dissertações inspiradas por ela, ver em

    http://www.sab.org.br/teses

    Meu palpite é que são necessários pelo menos 10 anos de estudo da Antroposofia para se poder começar a comentá-la em público. Isso não significa em absoluto que não se deve expressar uma opinião própria sobre ela, pelo contrário. Mas isso tem que ser feito em pequenos círculos, reservados.

    aaaaaaaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  31. A conclusão número 3 é:
    "O nome do livro está errado. Ele não coloca a pW em debate, coloca algumas eW e alguns professores W em debate."
    Concordo, com ressalvas:
    Penso que a aplicação da Pedagogia Waldorf já tenha se transformado ao longo do tempo, e ainda está se transformando. Por ter uma essência verdadeira, calcada em estudos a respeito do Homem e sua passagem no mundo, ela jamais se extinguirá e pode suportar transformações em sua forma, se forem necessárias. Estudiosos da própria PW ampliam conceitos deixados por Steiner, os atualizam , os colocam em confronto com a realidade atual, ou justamente comprovam sua atualidade. Professores estudam a Antroposofia em grupos, fazem estudos paralelos, incorporam novos conceitos à sua prática. Acredito que os bons professores não se "engessam", ao contrário, fazem das diretrizes da Pedagogia o mote para expandir suas criatividades. O resultado disso pode ser mudanças na forma, eventualmente.
    Humildemente - e me coloco assim porque conheço muito pouco de Antroposofia ainda - acredito que a obra de Steiner é "aberta", é estimuladora de novas descobertas. E quanto mais a conhecemos, mais se pensa e se tem vontade de fazer o melhor. Resulta disso que a Pedagogia Waldorf é dinâmica, não é um compêndio de regras e modos de agir. Mas também resulta disso que querer dar conta de entender "casos que não deram certo" requer teorizar um tanto. Mas, principalmente, requer abrir nossas cabeças. O fato é que não houve espaço para que essa discussão acontecesse no âmbito e na dimensão em que deveriam acontecer.
    Penso que escolas Waldorf e professores Waldorf sejam representantes da Pedagogia Waldorf. Assim como nós, pais, também o somos. Nada em nós ou na Pedagogia está parado, petrificado. Portanto, prática e Pedagogia estão juntas, assim como os seres humanos que as praticam estão em constante transformação.

    Quanto à autocrítica que você, Anderson, requer da Ana Lúcia, penso - é uma opinião pessoal - que o fato de manter o blog é uma tentativa de aprimorar o que foi publicado. Já expressei minha opinião à Ana de que não acredito em um "movimento" de renovação por meio desse blog nem por meio de um "evento" ou único fato. Acredito, sim, que mover nossos pensamentos e sentimentos em relação à PW é extremamente salutar e, se possível, aurindo do conhecimento de quem convive há mais tempo com o tema. Infelizmente, poucos especialistas se propõe a tomar parte aqui.Uma pena. Abraço.

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  32. Caro professor Setzer.

    Entendo que por meio do conhecimento conquistado pela humanidade, Steiner "encontrava a legitimação para falar do mundo espiritual", afirmação essa que se refere à Geometria, assunto que ele abordou nas paginas 31 e 32 do livro citado. Por buscar legitimar suas impressões do mundo espiritual por meio do conhecimento humano, ele elevou esse conhecimento. Não fosse assim, ele não teria conseguido pensar uma Pedagogia tão abrangente. Também por ter feito esse caminho, pôde chamar as escolas Waldorf de "centros de iniciação". Aliás, toda escola deveria sê-lo.
    Pessoalmente, acredito que esse sentimento de poder legitimar as impressões espirituais por meio do conhecimento disponível é uma dos aspectos mais sublimes do caminho de Steiner. Imagino que, posteriormente, mais maduro e tendo verificado a veracidade de suas próprias impressões, ele tenha se sentido seguro para deixar o enorme legado de conhecimento acerca do mundo espiritual sem precisar dar "provas" disso a ele mesmo ou às pessoas. No que se refere à prática Pedagógica, esse caminho inicial de Steiner é um ponto importantíssimo, imagino.

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  33. Caro professor Setzer,

    Estamos num "círculo reservado". Apesar desse espaço ser público, poucas pessoas têm interesse nessas informações. E as pessoas que porventura se interessem de maneira legítima têm, por meio das suas indicações,uma oportunidade incrível de se instruírem. Mais uma vez, grata por sua enorme contribuição.

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  34. Prezados,

    Esse "aurir" escrito no meu comentário está terrivelmente equivocado. Grafado assim significa "fugir". O correto é com "h", algo que significa sorver, aspirar, como acabou de me ensinar o dicionário. Mil desculpas.

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  35. Olá Lindaura, Sandra e demais participantes.

    Entendo o desejo de "blindarem" a Ana Lúcia neste início de discussão, mas penso que acabamos perdendo tempo de discutir questões mais profundas...

    Sandra faz um enorme esforço retórico para salvar o título do livro... mas continuo convencido de que "Clarear. A prática da P.W. em debate" seria muito mais verdadeiro.

    E quanto as indevidas generalizações? Quem defende?

    Amor altruísta
    Anderson Paulino

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  36. Em 19/9 Sandra escreveu:

    'Entendo que por meio do conhecimento conquistado pela humanidade, Steiner "encontrava a legitimação para falar do mundo espiritual", afirmação essa que se refere à Geometria, assunto que ele abordou nas paginas 31 e 32 do livro citado.'

    Steiner refere-se nesse trecho de sua autobiografia ao fato de que os entes geométricos não são físicos (como o conceito de ponto, por exemplo); quando criança, ele pôde falar de geometria com qualquer um e, portanto, tratar de coisas não físicas.

    Mas o mais importante é a Sandra reconhecer que sua expressão "a partir" em sua frase "entender o mundo espiritual a partir do conhecimento que a humanidade amealhou" não era correta.

    Agora passemos ao próximo ponto. Sandra escreveu, ainda em 19/9:

    'Também por [Steiner] ter feito esse caminho, pôde chamar as escolas Waldorf de "centros de iniciação". Aliás, toda escola deveria sê-lo.'

    Isso parece-me absolutamente surpreendente. Por favor, Sandra, cite-me a referência exata onde Steiner escreveu ou falou que as escolas Waldorf deveriam ser "centros de iniciação". Para adiantar o expediente, por favor cite o No. GA (da edição completa), bem como o capítulo se for livro, ou a data da palestra se for um ciclo de palestras. Se houver uma tradução, por favor, adicione ainda o número da página.

    aaaaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  37. Caro Professor Setzer,
    Sim, tem razão.
    O correto seria:
    Também por [Steiner] ter feito esse caminho, podemos chamar as escolas Waldorf de "centros de iniciação". Aliás, toda escola deveria sê-lo.'

    E essa afirmação é minha mesmo, sem necessidade de apontar bibliografia, portanto.
    Abraço

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  38. A escola como “um centro de iniciação” é uma imagem. As imagens devem ser verdadeiras, não fantasiosas. A escola como “centro de iniciação” é uma imagem verdadeira? Podemos discutir. Eu acredito que sim.
    E muito bela. Chama o professor para sua responsabilidade, não só como alguém que ensina para a vida prática – para passar de ano, passar no vestibular, arrumar um bom emprego e se “dar bem” na vida - mas ensina para a vida prática e espiritual. Esse “ensino para a vida espiritual” não se refere a práticas específicas ou diferentes que, por ventura, se imaginem que o professor tenha de ministrar aos alunos; ou que estes tenham de se submeter a algum ritual de iniciação. Refere-se a um conhecimento que o professor deva ter em relação à existência do mundo espiritual e da enorme importância da educação nos primeiros anos de vida, justamente para que, um dia, o aluno possa perceber – e sentir que é verdadeira essa percepção - a existência desse mundo espiritual em sua vida. Principalmente também para que as forças de seu “Eu”, que é totalmente espiritual , possam atuar . Afinal, também sabemos que o professor não educa o “Eu”, mas sim, prepara os outros corpos constituintes do ser humano para a atuação desse “Eu” ao longo da vida.

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  39. O ensino permeado de vida, de veneração pelo mundo, pelo ser humano, pelo conhecimento humano; a arte e a religiosidade e, posteriormente, o senso crítico e de discernimento formam a condição ideal para o início do caminho “iniciático” moderno. Isso significa deixar o aluno numa condição de prontidão para acolher o mundo espiritual. E esse acolhimento não está relacionado ao fato de um dia, fantasticamente, o aluno ter uma visão do mundo suprassensível. Ao contrário, está relacionado ao perceber o suprassensível no mundo visível. Basicamente, perceber a grandiosidade da vida.
    Ou seja, de forma alguma o professor Waldorf ensina para que o aluno seja um antropósofo ou se dedique especificamente ao estudo do mundo espiritual ou da antroposofia. E se eventualmente alguém fizer essa relação estará se equivocando. O professor prepara, ou deveria preparar o aluno para a possibilidade de uma vida menos condicionada às amarras comuns a que todos nós estamos sujeitos pela própria condição humana: características genéticas, sociais etc. E nesse sentido, todas as escolas, Waldorf ou não, deveriam preparar.

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  40. “Centros de iniciação” eram aqueles lugares onde se iniciavam os discípulos nos mistérios da natureza e do ser humano. Hoje em dia, boa parte desses mistérios já foi desvendada pela ciência. Porém, esse desvendamento se deu de forma extremamente materialista. Tornando o pensar também materialista, morto, bem propício ao deslumbre das máquinas, como o professor Setzer, aliás, está sempre a nos lembrar a respeito.
    Também se diz que o currículo das escolas Waldorf tem paralelos com o caminho de evolução da humanidade. Portando, na escola Waldorf e por meio do currículo, o aluno refaz a trajetória humana desde tempos muito antigos. Entretanto, o que realmente norteia o currículo tem relação com o desenvolvimento da criança, estudado a partir da Antropologia legada por Steiner.

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  41. Me reportando ao comentário transcrito abaixo do prof. Setzer em 16 de setembro que escreveu sobre uma frase minha:
    “ ..Rudolf Steiner foi um verdadeiro pesquisador e, portanto, estudioso do mundo espiritual. É só estudar profundamente sua biografia e sua obra (ambos não podem ser separados, como ele mesmo disse) para se constatar isso. Suas observações daquele mundo não são de modo algum "revelações" como as "recebidas" pelos místicos e profetas.”

    Primeiramente, professor, agradeço sua orientação e gostaria que sempre a fizesse quando julgar necessário pois sou aberta e eterna aprendiz, porém, cumpre-me argumentar nesse momento que jamais pensei misturar o universo místico/profético ao perfil de Steiner, como também seria muita ingenuidade de minha parte reconhecer uma Antroposofia sem sua essência integral – fator determinante de sua existência.. Sendo assim, Steiner, pai dessa Ciência, não poderia ter perfil diferente - Foi um pesquisador/estudioso e também clarividente (Akasha)

    Isto posto, foi exatamente o que o professor escreveu o que eu tentei dizer , porém de forma muito infeliz quando escrevi:
    “..a riqueza maior da Antroposofia - cuja essência não foi "estudada" e sim "revelada" .. - leia-se então: .. a riqueza maior da Antroposofia – cuja essência não foi só estudada , mas também (e principalmente ao meu ver) comprovada, clareada, constatada, revelada através do alto grau de desenvolvimento de percepções supra-sensoriais de Steiner.

    Ao meu ver, somente com estudos e sem o acesso ao plano espiritual (Akasha) a Antroposofia não seria Antroposofia.
    Com isso eu estava querendo mostrar naquele contexto que ao invés de nós ficarmos todos discutindo intelectualidades, detalhes, minúcias, competindo, julgando .. o mais importante é nos servirmos desta referência maior que o perfil de Steiner evidencia e nos ensina para refletirmos sobre Educação e práticas pedagógicas no séc. XXI e que para minha alegria Sandra Seabra
    acabou de trazer uma imagem nesse sentido, iniciando assim o caminhar desse blog..

    atenciosamente.

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  42. Olá a todas/os,

    Não, Sandra (22/9), em primeiro lugar o caminho iniciático de Rudolf Steiner não tem absolutamente nada a ver com a criação da pedagogia Waldorf. É óbvio que as bases dessa última deveram-se ao desenvolvimento espiritual que ele atingiu anteriormente, especialmente em relação à visão que ele tinha do ser humano e de seu desenvolvimento (as escolas Waldorf são desenvolvimentistas por natureza), mas a pedagogia Waldorf não foi parte do seu desenvolvimento iniciático propriamente dito, mas resultado do mesmo. Em segundo lugar, as escolas Waldorf não são centros de iniciação. Se assim fosse, eu não teria colocado meus filhos em uma, pois iniciação é só para adultos, livres e responsáveis. A Antroposofia não é ensinada para os alunos dessas escolas; Steiner foi absolutamente enfático a esse respeito. Fico muito triste em ver, por exemplo, crianças cantando mantras no movimento Hare Krishna. Seria também incorreto dizer que para os professores as escolas são centros de iniciação. Não é para isso que elas existem. E por falar nisso, o pior de tudo é que não existem “centros de iniciação” antroposóficos, pois o desenvolvimento espiritual antroposófico deve ser feito essencialmente por cada pessoa, individualmente, em seu interior, em um processo meditativo ativo.

    Vamos fazer agora um resumo de algumas coisas postadas aqui. Lindaura errou ao dizer que Steiner obteve seus conhecimentos por revelação, quando o mais importante foi sua profunda pesquisa consciente do mundo espiritual e a transmissão dos seus conhecimentos por meio de conceitos; ambos colocam-no como uma pessoa única nos movimentos espiritualistas. Sandra errou ao dizer que Steiner partiu do conhecimento conquistado pela humanidade para transmitir o que ele nos legou. E Sandra errou mais uma vez colocando na boca de Steiner uma caracterização das escolas Waldorf como centros de iniciação.

    Com isso, vocês confirmaram o que eu afirmei na postagem de 19/9: é preciso muito conhecimento de Antroposofia e da vida de Steiner para fazer comentários sobre esses dois assuntos. O problema é que este espaço é público. Como bem afirmou Ana Lúcia, poucas pessoas estão contribuindo com ele. No entanto, não sabemos quantas pessoas estão fazendo acesso a ele e, mesmo que Ana Lúcia possa obter essa informação, não saberemos quantos vão fazer acesso a ele no futuro. Essas pessoas estão lendo coisas erradas que estão sendo sistematicamente ditas a respeito da Antroposofia e de Rudolf Steiner. Todas vocês declararam que admiram a pedagogia Waldorf, a Antroposofia e Steiner. Ótimo, só que com as suas declarações equivocadas vocês estão passando para leigos imagens e informações que podem prejudicar o caminho dos que as lerem. Se uma só pessoa for influenciada negativamente por esses erros, o resultado já terá sido muito ruim. Antroposofia é algo seríssimo, e não pode ser tratada da maneira como vem sendo neste espaço.

    Faço, portanto, um apelo: vamos parar por aqui, antes que os prejuízos sejam ainda maiores. Perguntas são naturalmente bem vindas, mas afirmações por parte de quem ainda não tem um conhecimento suficiente devem ser evitadas. Além desse conhecimento, é também necessário saber formular os assuntos de modo a serem adequados ao público em geral, como sempre cuidei no site da Sociedade Antroposófica, em

    httP://www.sab.org.br

    aaaaaaaaaaa, VWS,

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  43. Que texto delicioso nos presenteou Sandra Seabra.. esse horizonte vislumbrado é para mim uma imagem não só verdadeira, mas já necessária.

    Realmente, a Educação atual de uma forma geral tem contribuído para o desenvolvimento das potencialidades racionais do Ser para uma vida prática e cheia de realizações.. (o que eu chamo de cultura do TER para SER, ou seja, vivemos correndo atrás de tempo, saúde, amor, conhecimento, reconhecimento, dinheiro etc.... para SER feliz e realizado) e isso é verdadeiro e funciona muito bem - basta ver as maravilhas do mundo moderno que nos coloca muito distante da era das Cavernas – porém, mesmo com todo o avanço da Ciência e Tecnologia é cada vez mais alarmante o quadro de insatisfação e desequilíbrio que estamos todos vivendo (a destruição do próprio habitat pelo homem é o exemplo maior, sem contar casos individualizados como pais matando filhos, filhos matando pais, alunos agredindo professores, jovens perseguidos, perseguidores, pedofilia etc.. etc..) Neste olhar, a cultura do TER não está conseguindo suprir o mundo do SER, que é representado pelo nosso EU – que tem sentimentos, sonhos, desejos, necessidades e potenciais diferenciados justamente porque não fomos feitos por uma máquina que produz em série.. somos individualidades, centelhas artesanais da vida.. Essa conscientização , esse descobrimento, reconhecimento e respeito ao SER diferenciado existente no interior de cada um é, ao meu ver, a base necessária neste momento que todos especialistas em construir, adaptar, reconstruir ou facilitar pedagogia(s) deveriam vislumbrar para equilíbrio , harmonia e preservação/sustentabilidade da vida.

    Mesmo tendo eu uma formação não Antroposófica (Ciências Sociais), reconheço que a Antroposofia , e neste contexto a pW, como tendo vasto material e experiência que pode compartilhar e enriquecer a todos.

    Por outro lado, gostaria de conhecer a visão de Sandra e demais leitores que estiverem se identificando com essas imagens trazidas a partir do texto da Sandra sobre uma questão que julgo importante:

    - Seria equivocado, desrespeitoso ou não ético ao invés de utilizarmos para essa nova escola o conceito de “Centros de Iniciação” adequarmos para “Centros de Humanização/Humanidades, ou Centros de Autoconhecimento, ou Centros de Conscientização” para poder esta imagem tão brilhante penetrar e clarear também o universo não científico?
    (levanto essa questão por constatar, através da observação, nestes vinte anos que venho trabalhando com conscientização, valorização e conhecimento do SER – autoconhecimento – que a maior parte das pessoas do senso comum relacionam, mesmo que equivocadamente, o conceito de “iniciação” à magia ou dogmas - o que provoca resistência e dificuldade na hora do relacionamento.

    Atenciosamente.

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  44. Caríssimos,

    Particularmente, estou disposta a ir para o próximo tópico.

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  45. Cara Lindaura

    A imagem da escola como "um centro de iniciação" não é oficial. Ouço essa expressão eventualmente, e me ative por um tempo para pensar nela. Pessoalmente acredito que uma escola tenha de ser chamada como escola mesmo.Afinal, toda criança quer ir para? A escola!

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  46. Olá a tod@s!

    Considero útil lembrar que há um livro intitulado (equivocadamente!) como "Clarear. A pedagogia Waldorf em debate" e que para criar um contraponto a esta obra, o professor Valdemar Setzer nos brindou com uma excelente resenha que permitiria, através deste blog, um amadurecimento e aprimoramento das ideias defendidas pela autora do livro, contribuindo assim para que a prática da Pedagogia Waldorf no Brasil fosse potencializada.

    Estamos mais tergiversando, divagando, elucubrandro do que focando no cerne da questão.

    Retomaremos o foco?

    Em caso negativo, concordarei com o prof.

    Valdemar que era melhor pararmos por aqui.

    Tenho dito.

    Anderson Paulino

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  47. Cara Lindaura,

    Uma imagem não é um conceito. Por exemplo, você pode evocar a imagem de um alquimista para dar uma aula de química. Ou a de um navegador para uma aula de História. Ou a de um escriba para uma aula de português.Obviamente que o professor não é um alquimista, tampouco um navegador ou escriba. Mas esses personagens existiram de verdade. A escola como um centro de iniciação para a vida é uma imagem que se pode ter internamente, se se quiser, se fizer parte do que se entende ser uma escola. Outro dia, minha filha adolescente disse que gostaria de ter aulas do jeito que ela imagina ter sido as conversas de Aristóteles e seus discípulos. Disse assim mesmo, olha só! E aí estaríamos nos remetendo à Grécia, à polis. Vai do gosto.

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  48. Lindaura Ambrosio disse:

    Sandra, obrigado por explicar .. agora eu entendi e tenho por respondida a minha questão.
    Estou aprendendo e me enriquecendo.. Gostaria de poder continuar..

    Atenciosamente,

    Lindaura.

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  49. Olá a todas/os leitores,

    Sniffffffff (suspiro). Acontecde que "centro de iniciação" é um termo técnico bem caracterizado dentro da Antroposofia e mesmo fora dela. Não é correto tomar esse termo como uma imagem, pois ele envolve toda uma compreensão do que se passaria dentro de um tal centro. Além disso, do ponto de vista da Antroposofia, hoje em dia esse tipo de centro não faz mais sentido, pois a iniciação, isto é, a aquisição da capacidade de observar o mundo espiritual deve ser atualmente absolutamente individual e baseada na meditação ativa a consciente, precedida de um enorme aperfeiçoamento moral, como por exemplo a descrita em

    http://www.sab.org.br/antrop/artigo-disposicoes-animicas.htm

    Tenho a impressão de que já escrevi aqui algo sobre tudo isso, mas não tenho tempo para ficar produrando.

    O correto seria usar uma expressão como "a escola deveria ser um centro de preparação para a vida". Certamente ninguém vai discordar disso.

    aaaaaaaaaaaaaa, VWS.

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  50. Meu Deus quanta arrogância.... Entrei no Blog por pesquisar sobre escolas waldorf para meu filho, por indicação de uma amiga e me deparo com essa grosseira INTIMIDAÇÃO pelo "tal professor" Valdemar alguma COISA... que sujeito grosseiro e estúpido com os demais e com o que é diferente das lentes dele! Que pena, uma pedagogia tão bonita ser manchada por fanáticos e puxa-sacos pseudo-sábios como o tal Anderson também.... Ixxi ambiente dirigido e "tocado" por fanatismo não pode ser positivo para meu filho. Ainda bem que não coloquei. A Pedagogia é um ideal.... mas os fanáticos estragam tudo.... que pena!

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  51. Ah, e meu desapontamento nada tem a ver com os casos citados no livro que não li. O que farei. Mas com a postura prepotente e arrogante com que pessoas que se dizem defensoras e teóricas da pedagogia "tratam" as outras... incoerência total entre teoria e prática!
    Pelo o que pude perceber bem rápido, quem escreveu o livro tem muito mais amor a pedagogia de Waldorf, o que fica claro ao tratar os demais e seus respectivos ataques e INTIMIDAÇÕES por falar o que seu fanatismo acusa como faltoso....

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