A pedido da comunidade do Bairro Demétria, o livro "Clarear - a pedagogia Waldorf em debate" está disponível na lojinha da Demétria.
Localizado a 10 km da cidade de Botucatu - SP, o Bairro Demétria surgiu a partir do trabalho de agricultura biodinâmica iniciado na Estância Demétria em 1974.
O Bairro é hoje um complexo que envolve diversas iniciativas relacionadas com agricultura biodinâmica, agricultura orgânica, saúde, artes e educação, e seus condomínios residenciais abrigam cerca de 800 habitantes, provenientes das mais diferentes regiões do país e de diversas partes do mundo. Visite o site e conheça mais:
http://www.bairrodemetria.com.br/
Parabéns a essa comunidade por seu empreendedorismo e espírito de vanguarda. Temos muito o que aprender com eles.
abraço fraterno
Ana Lúcia Machado
Clarear é uma proposta de reflexão e renovação da prática da pedagogia Waldorf. Relata a história de crianças que estudaram em escolas Waldorf e traz por meio de críticas e perguntas dos pais Waldorf a possibilidade de aprimoramento da prática pedagógica. Clarear convida pais, educadores, escolas para um grande balanço e revisão, para a construção de uma escola melhor.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
ESCOLA DE PAIS II
Pela visão ampliada do Ser Humano fundamentada na Antroposofia, são 12 os sentidos do homem apresentados por Rudolf Steiner (1861-1925) em sua Teoria dos Sentidos:
Sentido do Tato, vital, movimento próprio ou cinestésico, sentido do olfato, paladar, visão, térmico ou do calor, e ainda da audição, palavra, pensamento e eu.
Para quem se interessar por esse tema e quiser conhecê-lo com maior profundidade, indico o livro “O organismo Sensório – sua perda e seu cultivo” de Willi Aeppli, pois aqui abordarei brevemente apenas um dos sentidos - o sentido vital - que segundo Rudolf Steiner, é o sentido que permite a percepção do organismo como um todo e que é percebido pelo homem apenas quando algo nele não está em ordem em sua organização corpórea (mal estar). Para ressaltar um aspecto importante do sentido vital, apresento um texto extraído de um trabalho elaborado pela Dra. Sonia Setzer em 2000, que diz assim:
“A dor nos fornece uma orientação na vida: se caímos de uma escada, aprendemos a tomar cuidado para não cair outra vez. Nossa cultura tem a tendência de querer eliminar a dor. Não permitimos mais às crianças sentir cansaço físico, que não deixa de ser um tipo de dor; elas andam apenas de automóvel e não mais a pé ou de bicicleta. Acontece que esse tipo de cansaço é muito saudável. A pior forma de cansaço é aquela causada pelo tédio ou pelo excesso de impressões sensoriais. Basta comparar como nos sentimos depois de um dia de caminhada por campos e florestas ou um dia passado num parque de diversões ou shopping center.
Devemos ter em mente também que qualquer aprendizado depende de dor e cansaço, é um processo demorado, exaustivo, que requer esforço, repetição, e por isso também é doloroso. Em nossa vida cotidiana todavia, procuramos receber tudo o mais pronto possível, evitamos qualquer forma de esforço, buscamos a comodidade para nós, e também para as coitadinhas das crianças. Elas não deveriam sofrer, trabalhar, esforçar-se... Outra forma de dor é a dor da espera; queremos receber tudo imediatamente, não temos paciência, exigimos respostas imediatas e queremos ter logo todas as vontades satisfeitas. O mesmo aplica-se às crianças por nossa culpa. Elas precisam aprender a esperar; alguém ainda se lembra da expectativa, da espera ansiosa pelo aniversário, ou por aquela festa, ou a ânsia para que se possa finalmente realizar a viagem planejada há tanto tempo? Uma educação sem dor é semelhante à analgesia ou até mesmo à anestesia. Quem aprende a experimentar a dor “normal”, cotidiana, está preparado para suportar a dor do destino. Quem não teve a oportunidade de fortalecer-se com as dorzinhas “normais”, vai refugiar-se nas mais diversas “analgesias”: drogas, álcool, outros vícios, sexo, “fugas” do mundo, quando tiver que enfrentar as inevitáveis dores do destino. Por outro lado, onde não há vivência da dor, não pode surgir a compaixão. Jamais poderemos ajudar alguém que esteja sofrendo se não tivermos tido vivências dolorosas.”
Porque poupamos nossos filhos desses tipos de vivências: esforço físico, cansaço, frustrações, espera?
O que nós adultos, pais, vemos de tão negativo nesses sentimentos que nos levam a essa atitude em relação aos filhos?
Como podemos ensinar nossos filhos a tolerar as pequenas frustrações do dia a dia?
Como podemos auxiliá-los a enfrentar as situações de adversidades da vida?
A superproteção enfraquece e impede o desenvolvimento da autoproteção e de recursos próprios de resistência , o que chamo de uma criança sem pele. O confronto com as adversidades da vida fortalecem a vontade. A dor, frustração, espera, são necessárias e salutares para o processo de aprendizado e amadurecimento infantil. Através delas a criança tem a chance de desenvolver forças de resistências própria.No longa- metragem documentário de 2002 "Ser e Ter", o cinesta francês Nicholas Philibert apresenta uma escola comunitária localizada na zona rural da França onde vemos uma única sala com apenas um professor trabalhando com uma turma de crianças entre 3 e 11 anos. O documentário é bem interessante e há uma cena em que o professor sai com seus alunos para uma caminhada, um passeio ao ar livre. Pelos prados podemos ver as crianças super agasalhadas num dia muito frio. Uma cena bem bucólica!
Uma amiga que foi viver por uns tempos em uma cidade pequena na Inglaterra, relatou assim que chegou que, na escola a professora de sua filha caçula saia todas as manhãs com as crianças para uma caminhada, independente da temperatura externa.
Lembro-me quando minha filha ainda estava no Jardim, que sua professora intentou uma atividade assim com as crianças, porém o medo que assola constantemente quem vive nas grandes metrópoles, impediu que tal intenção se concretiza-se. Romper os muros da escola não é tarefa fácil, mas devemos tentar.
abraço fraterno
Ana Lúcia Machado
Marcadores:
12 sentidos,
adversidades da vida,
Ana Lucia Machado,
Antroposofia,
dor,
espera,
frustração,
Rudolf Steiner,
Sonia Setzer,
superproteção,
Teoria dos Sentidos
terça-feira, 10 de maio de 2011
CLAREAR na Livraria Cultura
O livro Clarear - a pedagogia Waldorf em debate está à venda na Livraria Cultura pelo site, e em todas as suas lojas do Brasil. Com certeza trata-se de uma importante conquista.
http://www.livrariacultura.com.br/
Abraço
Ana Lúcia Machado
http://www.livrariacultura.com.br/
Abraço
Ana Lúcia Machado
segunda-feira, 9 de maio de 2011
ESCOLA DE PAIS: Pais materiais ou Pais morais?
"Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da URGÊNCIA de deixarmos filhos melhores educados,honestos, dignos, éticos, responsáveis para o nosso planeta através dos nossos exemplos."
Educar os filhos nos dias de hoje não tem sido tarefa fácil e estamos pagando um preço muito alto por nossa insegurança enquanto pais, e por uma educação permissiva. Dias atrás a escola de meus filhos reuniu os pais para a palestra “Limites, a difícil arte de saber frustrar” com a profª Dra. Joana D’Arc Sakai, psicóloga clínica e escolar, com especialização em Psicanálise de crianças e adolescentes pela USP. Fomos convidados a refletir sobre algumas perguntas:
- Quais as consequências de uma educação tolerante na formação do adulto?
-Amor demais ajuda a crescer? Fortalece o “eu” ou sufoca?
Revendo algumas anotações que fiz naquela noite, dou destaque as seguintes:
-Sem limites não há possibilidade de satisfação, pois nada falta.
-A falta é fundamental para que o ser humano busque, crie, aprenda.
-Limites, frustrações, são gestos de amor.
-Os NÃOS dos pais ajudam a suportar os NÃOS da vida.
Como formadores de uma nova geração devemos nos conscientizar de que somos o exemplo para nossos filhos, eles imitam nossa maneira de viver. Por meio dos nossos exemplos eles introjetam valores.Como ponto de referência material e financeiro para nossos filhos, temos nos empenhado com louvor, muito preocupados em prover coisas materiais - as novidades tecnológicas, roupas de grife, viagens ao exterior - deixamos em segundo plano a função de pais morais.
No ano passado li um artigo da juíza de família do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro , Andréa Pacha, no jornal O Estado de S. Paulo e dada a importância desse artigo, quero compartilhá-lo aqui:
“Um fenômeno recente tem se repetido com frequência cada vez maior nas Varas de Família, em todo o País: a busca da Justiça pelos pais, como uma forma de suprir a sua incapacidade de estabelecer limites e fazer os seus filhos cumprirem regras e aceitarem restrições. Espera-se que um magistrado decida em que escola a criança deve estudar, que ambientes deve frequentar, que tipo de música pode ouvir, a que horas deve voltar para casa e até mesmo que roupas pode vestir.
Não têm sido raras as audiências em que alguns pais, inseguros do seu papel, comparecem na companhia dos filhos e delegam ao julgador escolhas cotidianas, numa declarada manifestação de limitação do exercício de sua autoridade. Trata-se de um verdadeiro paradoxo, pois a mesma sociedade que brada por menos Estado espera que o Estado interfira justamente naquelas relações que deveriam ser exclusivamente privadas.(...)
O processo de educação, no entanto, encontra-se numa encruzilhada: como educar os filhos, com os limites e as restrições próprios do processo civilizatório, sem o devido exercício da autoridade? Como representar o papel de pai ou mãe sem o ônus de se responsabilizar pelas contrariedades naturais do amadurecimento? Como esclarecer para os adolescentes que a vida não é justa e que, infelizmente nem tudo acontece como se espera e se programa? Como ser firme sem se revelar um déspota e sem perder a ternura?
Não existe, até onde se sabe, geração espontânea de adolescentes bem educados. Exceto que alguém ensine desde infância, que os valores éticos, morais e comportamentais não são inatos nem assimiláveis com o simples e natural passar do tempo. Demonstrar que não se vive em grupo sem aprender a ceder, que a busca desenfreada pelo consumo e pelos prazeres individuais é incompatível com a vida em sociedade, que tristezas e as contradições são estados permanentes da condição humana, que a vida é precária e tudo é provisório, essa é a tarefa primordial dos pais. Assim como é tarefa ensinar os filhos a transitarem neste mundo em permanente mudança, observando os valores de humanidade, que devem nortear qualquer relação. A dor e o limite fazem parte desse processo de aprendizado.
A tentativa de transferência dessa tarefa, primeiro para a escola, depois para os terapeutas e agora para os juízes não parece o melhor caminho para enfrentar o problema. Essa nova geração, seguramente mais informada, mais tolerante e menos preconceituosa, merece ser cultivada por valores melhores e mais consistentes. O exercício da autoridade não deve ser visto como ameaça aos avanços até aqui alcançados no terreno das liberdades e na horizontalidade nas relações.(...)
Para ser eficiente, também a comunicação entre pais e filhos tem de ser clara e não se resume a uma mera troca de palavras. Mais do que ensinados e verbalizados, os valores éticos devem ser transmitidos pelo exemplo. E o fato é que uma parte significativa da elite da sociedade tem vivido, historicamente, sem se submeter a restrições ou se subordinar a limites para viver em grupo. O reflexo de atos cotidianos dessa elite - nos quais prevalecem a certeza da impunidade, o jeitinho, o paga quem pode, o “sabe com quem está falando?” – acaba sendo assimilado pelos jovens como princípios a serem seguidos.(...)”
Necessitamos urgentemente tomar a educação de nossos filhos em nossas próprias mãos, e resgatar a autoridade que nos compete, readquirir a confiança e firmeza que a tarefa da educação exige. O maior patrimônio que podemos deixar para os filhos é a educação, esse deve ser nosso investimento. Investir no SER. Essa base sólida os capacitará para conquistas na vida, ao seu tempo, por eles mesmos, o que permitirá à eles o sabor da vitória.
Com o objetivo de dar suporte aos pais e auxiliá-los na tarefa da educação dos filhos, encontramos atualmente cursos, palestras, que buscam fortalecer e apoiar mães e pais, oferecendo à eles recursos que facilitam a construção de relações familiares saudáveis. Dentre eles aponto o Curso Vivencial "Construindo e Renovando Laços em Família" com a psicóloga e terapeuta Ana Cristina Corvelo e outras profissionais, e a palestra "A difícil arte de educar em tempos de estresse e violência", ministrada por Lindaura Ambrósio,formada em Ciências Sociais, coordenadora e terapeuta do Clube da Vida http://www.clubedavida.org.br/.
Abraços
Ana Lúcia Machado
Educar os filhos nos dias de hoje não tem sido tarefa fácil e estamos pagando um preço muito alto por nossa insegurança enquanto pais, e por uma educação permissiva. Dias atrás a escola de meus filhos reuniu os pais para a palestra “Limites, a difícil arte de saber frustrar” com a profª Dra. Joana D’Arc Sakai, psicóloga clínica e escolar, com especialização em Psicanálise de crianças e adolescentes pela USP. Fomos convidados a refletir sobre algumas perguntas:
- Quais as consequências de uma educação tolerante na formação do adulto?
-Amor demais ajuda a crescer? Fortalece o “eu” ou sufoca?
Revendo algumas anotações que fiz naquela noite, dou destaque as seguintes:
-Sem limites não há possibilidade de satisfação, pois nada falta.
-A falta é fundamental para que o ser humano busque, crie, aprenda.
-Limites, frustrações, são gestos de amor.
-Os NÃOS dos pais ajudam a suportar os NÃOS da vida.
Como formadores de uma nova geração devemos nos conscientizar de que somos o exemplo para nossos filhos, eles imitam nossa maneira de viver. Por meio dos nossos exemplos eles introjetam valores.Como ponto de referência material e financeiro para nossos filhos, temos nos empenhado com louvor, muito preocupados em prover coisas materiais - as novidades tecnológicas, roupas de grife, viagens ao exterior - deixamos em segundo plano a função de pais morais.
No ano passado li um artigo da juíza de família do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro , Andréa Pacha, no jornal O Estado de S. Paulo e dada a importância desse artigo, quero compartilhá-lo aqui:
“Um fenômeno recente tem se repetido com frequência cada vez maior nas Varas de Família, em todo o País: a busca da Justiça pelos pais, como uma forma de suprir a sua incapacidade de estabelecer limites e fazer os seus filhos cumprirem regras e aceitarem restrições. Espera-se que um magistrado decida em que escola a criança deve estudar, que ambientes deve frequentar, que tipo de música pode ouvir, a que horas deve voltar para casa e até mesmo que roupas pode vestir.
Não têm sido raras as audiências em que alguns pais, inseguros do seu papel, comparecem na companhia dos filhos e delegam ao julgador escolhas cotidianas, numa declarada manifestação de limitação do exercício de sua autoridade. Trata-se de um verdadeiro paradoxo, pois a mesma sociedade que brada por menos Estado espera que o Estado interfira justamente naquelas relações que deveriam ser exclusivamente privadas.(...)
O processo de educação, no entanto, encontra-se numa encruzilhada: como educar os filhos, com os limites e as restrições próprios do processo civilizatório, sem o devido exercício da autoridade? Como representar o papel de pai ou mãe sem o ônus de se responsabilizar pelas contrariedades naturais do amadurecimento? Como esclarecer para os adolescentes que a vida não é justa e que, infelizmente nem tudo acontece como se espera e se programa? Como ser firme sem se revelar um déspota e sem perder a ternura?
Não existe, até onde se sabe, geração espontânea de adolescentes bem educados. Exceto que alguém ensine desde infância, que os valores éticos, morais e comportamentais não são inatos nem assimiláveis com o simples e natural passar do tempo. Demonstrar que não se vive em grupo sem aprender a ceder, que a busca desenfreada pelo consumo e pelos prazeres individuais é incompatível com a vida em sociedade, que tristezas e as contradições são estados permanentes da condição humana, que a vida é precária e tudo é provisório, essa é a tarefa primordial dos pais. Assim como é tarefa ensinar os filhos a transitarem neste mundo em permanente mudança, observando os valores de humanidade, que devem nortear qualquer relação. A dor e o limite fazem parte desse processo de aprendizado.
A tentativa de transferência dessa tarefa, primeiro para a escola, depois para os terapeutas e agora para os juízes não parece o melhor caminho para enfrentar o problema. Essa nova geração, seguramente mais informada, mais tolerante e menos preconceituosa, merece ser cultivada por valores melhores e mais consistentes. O exercício da autoridade não deve ser visto como ameaça aos avanços até aqui alcançados no terreno das liberdades e na horizontalidade nas relações.(...)
Para ser eficiente, também a comunicação entre pais e filhos tem de ser clara e não se resume a uma mera troca de palavras. Mais do que ensinados e verbalizados, os valores éticos devem ser transmitidos pelo exemplo. E o fato é que uma parte significativa da elite da sociedade tem vivido, historicamente, sem se submeter a restrições ou se subordinar a limites para viver em grupo. O reflexo de atos cotidianos dessa elite - nos quais prevalecem a certeza da impunidade, o jeitinho, o paga quem pode, o “sabe com quem está falando?” – acaba sendo assimilado pelos jovens como princípios a serem seguidos.(...)”
Necessitamos urgentemente tomar a educação de nossos filhos em nossas próprias mãos, e resgatar a autoridade que nos compete, readquirir a confiança e firmeza que a tarefa da educação exige. O maior patrimônio que podemos deixar para os filhos é a educação, esse deve ser nosso investimento. Investir no SER. Essa base sólida os capacitará para conquistas na vida, ao seu tempo, por eles mesmos, o que permitirá à eles o sabor da vitória.
Com o objetivo de dar suporte aos pais e auxiliá-los na tarefa da educação dos filhos, encontramos atualmente cursos, palestras, que buscam fortalecer e apoiar mães e pais, oferecendo à eles recursos que facilitam a construção de relações familiares saudáveis. Dentre eles aponto o Curso Vivencial "Construindo e Renovando Laços em Família" com a psicóloga e terapeuta Ana Cristina Corvelo e outras profissionais, e a palestra "A difícil arte de educar em tempos de estresse e violência", ministrada por Lindaura Ambrósio,formada em Ciências Sociais, coordenadora e terapeuta do Clube da Vida http://www.clubedavida.org.br/.
Abraços
Ana Lúcia Machado
Marcadores:
Ana Lucia Machado,
Andréa Pacha,
autoridade dos pais,
educação dos filhos,
educação permissiva,
escola de pais,
exemplo dos pais,
frustrações,
limites,
pais materiais,
pais morais
segunda-feira, 2 de maio de 2011
EDUCAR - Rubem Alves
Eis alguns fragmentos deste extraordinário educador, Rubem Alves:
"Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado."
Cabe aqui a observação e depoimento da cineasta e roteirista Laís Bodanzky, diretora do filme brasileiro de 2010 "As melhores coisas do mundo". A cineasta rodou escolas particulares paulistanas como pesquisa para o filme e declarou as seguintes impressões:
"Notei como os jovens ficam a maior parte do tempo dentro da escola, ficam mais em contato com colegas e professores, do que com seus familiares. A escola é a família deles. Os pais vão trabalhar tranquilos porque sabem que seus filhos estão trancados em uma instituição que os protege. Por coincidência, a rotina da escola e sua arquitetura se assemelham à de um cárcere. Muros altos, vigias no portão, câmeras pelos quatro cantos, toque de recolher, momento de sol no pátio, corredores enormes, multidão indo para suas "celas" de aula. É dessa forma que eles são protegidos do mundo cruel e violento da cidade. Isolar para educar. Isolar para educar?"
Laís Bodanzki alerta para a necessidade de se educar os pais em primeiro lugar:
"Os pais acham que pagar caro já é o suficiente para a escola não encher o saco deles, que trabalham tanto, coitados. Os filhos são reflexo direto de seus pais, não fiz faculdade de psicologia para dizer isso, mas notei na minha pesquisa o quanto é explícito. Logo, para uma escola educar um aluno ela tem também que educar os pais do aluno, mas a escola tem medo de encarar os pais e educá-los. A escola deve preparar o aluno para se tornar um cidadão. Como explicar o que é cidadania se a escola esconde a cidade do aluno?
Ficam aí algumas boas perguntas para refletirmos.
Abraços
Ana Lúcia Machado
Assinar:
Postagens (Atom)