Convicções e certezas muitas vezes conduzem a uma direção contrária ao que se almeja. Certezas são como portas fechadas, encerram qualquer expectativa que se tenha. Ao passo que dúvidas e perguntas abrem um horizonte infinito de possibilidades.
A segurança de se mergulhar nas águas tranqüilas de nossas certezas, é garantia apenas de repetirmos os mesmos percursos. O que garante experimentarmos o novo, são as águas turbulentas de nossas indagações, inquietações e questionamentos.
Roberto Crema em sua obra “Pedagogia Iniciática”, nos diz: “Uma pessoa que recita uma ideologia, numa fidelidade cega a uma teoria ou método, é um ser estupidificado, totalmente previsível e vítima de suas próprias rotinas automáticas. Nesta via viciada e restrita, seguimos os trilhos e perdemos as trilhas. Morre o criador, vegeta a criatura, na carência de inovação, criatividade e originalidade.Todas as teorias e tecnologias foram produtos de um momento de visão, de escuta, de compreensão. Segui-los, automaticamente, de forma rotineira, não gera nenhuma escuta, nenhuma visão, nenhuma compreensão”
Em Educação não podemos pensar em metodologia e prática pedagógica rigidamente formulada, e sim em constante reformulações, constante reavaliações e recontextualizações, por seu caráter orgânico, vivo, dinâmico e mutável, em constante processo de readaptação e metamorfose. O que nela permanece é a constante busca por sua justa medida. Quanto mais se avança nesta busca, menos se autocopia, se faz clonagens e se apresenta mais diversidade.Como artistas da Educação, somos convidados dia a dia a reelaborar nosso caos interior, fonte de energia e criatividade.
Abraço
Ana Lúcia Machado
Clarear é uma proposta de reflexão e renovação da prática da pedagogia Waldorf. Relata a história de crianças que estudaram em escolas Waldorf e traz por meio de críticas e perguntas dos pais Waldorf a possibilidade de aprimoramento da prática pedagógica. Clarear convida pais, educadores, escolas para um grande balanço e revisão, para a construção de uma escola melhor.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Nas águas turbulentas da inquietação
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Roberto Crema
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Concordo com você que em educação devemos rever os conteúdos e a forma de encaminhá-los, pois nossos alunos nunca são os mesmos e o enfoque sempre tem de ser atualizado.Gostei do seu texto e da citação de Roberto Crema.
ResponderExcluirReproduzo aqui comentário de Ralf Rickli recebido pelo Facebook:
ResponderExcluirÁguas turbulentas da inquietação...
Fáceis não são, mas sem elas poderíamos estar
afinados com a realidade por um momento,
e logo ficaríamos para trás
- linda imagem serena na superfície
...mas por baixo a acidificação
crescentemente tóxica
que resulta de toda estagnação.
Oi Ana,
ResponderExcluirQuando vem a inquietação, é sempre bom nos perguntarmos de onde ela vem, e por que vem.
Antes de pensarmos em mudanças, é preciso aprendermos a ver,sentir e distinguir o que vem de mim e o que eu não sei de onde vem. E qual a intenção. Se é de enfraquecer ou provocar discórdia, procurando uma brecha para se infiltrar, e mudar o rumo.Dúvidas abrem horizontes...Mas também são oportunidades para as forças adversas!
Tudo tem mais de uma face, o lado positivo e negativo. Devemos ficar atentos. A busca é pelo equilíbrio sempre, e no equilíbrio há flexibilidade
ResponderExcluirAbraços
Ana Lúcia Machado
Gostei muito da reflexão; a citação do Crema foi muito pertinente ao assunto. Concordo plenamente e por inúmeras razões, dentre elas: todas as guerras pelas quais a humanidade passou e ainda passa, estão intimamente fundadas em uma ideologia. As ideologias, não deveriam, mas são um determinado tipo de erva daninha das sociedades, desde as antigas até as sociedades contemporâneas. O dia em que, de fato, compreendermos que todos, absolutamente, todos os processos da vida humana são singulares e cada indivíduo tem um olhar particularizado para as coisas do mundo e recebe tais coisas também de maneira particular, sem dúvida estaremos mais próximos de uma sociedade realmente "dinâmica e mutável." Mas isso também vai ao encontro de um outro fator: o autoconhecimento, pessoas capazes de enxergarem e contextualizarem coisas e situações nos diversos setores de uma sociedade, só o fazem porque buscam, antes de mais nada, o conhecimento de si próprios, de suas inquietações e turbulências. Obrigada pelo espaço. Um abraço Ana. Cátia Benevenuto
ResponderExcluirAna: que bom ler algo assim. Acompanharei seu blog de perto, muito perto. Grande abraço. Ana Vieira
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