terça-feira, 5 de abril de 2011

Nas águas turbulentas da inquietação

Convicções e certezas muitas vezes conduzem a uma direção contrária ao que se almeja. Certezas são como portas fechadas, encerram qualquer expectativa que se tenha. Ao passo que dúvidas e perguntas abrem um horizonte infinito de possibilidades.

A segurança de se mergulhar nas águas tranqüilas de nossas certezas, é garantia apenas de repetirmos os mesmos percursos. O que garante experimentarmos o novo, são as águas turbulentas de nossas indagações, inquietações e questionamentos.

Roberto Crema em sua obra “Pedagogia Iniciática”, nos diz: “Uma pessoa que recita uma ideologia, numa fidelidade cega a uma teoria ou método, é um ser estupidificado, totalmente previsível e vítima de suas próprias rotinas automáticas. Nesta via viciada e restrita, seguimos os trilhos e perdemos as trilhas. Morre o criador, vegeta a criatura, na carência de inovação, criatividade e originalidade.Todas as teorias e tecnologias foram produtos de um momento de visão, de escuta, de compreensão. Segui-los, automaticamente, de forma rotineira, não gera nenhuma escuta, nenhuma visão, nenhuma compreensão”

Em Educação não podemos pensar em metodologia e prática pedagógica rigidamente formulada, e sim em constante reformulações, constante reavaliações e recontextualizações, por seu caráter orgânico, vivo, dinâmico e mutável, em constante processo de readaptação e metamorfose. O que nela permanece é a constante busca por sua justa medida. Quanto mais se avança nesta busca, menos se autocopia, se faz clonagens e se apresenta mais diversidade.Como artistas da Educação, somos convidados dia a dia a reelaborar nosso caos interior, fonte de energia e criatividade.
Abraço
Ana Lúcia Machado

6 comentários:

  1. Concordo com você que em educação devemos rever os conteúdos e a forma de encaminhá-los, pois nossos alunos nunca são os mesmos e o enfoque sempre tem de ser atualizado.Gostei do seu texto e da citação de Roberto Crema.

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  2. Reproduzo aqui comentário de Ralf Rickli recebido pelo Facebook:

    Águas turbulentas da inquietação...
    Fáceis não são, mas sem elas poderíamos estar
    afinados com a realidade por um momento,
    e logo ficaríamos para trás
    - linda imagem serena na superfície
    ...mas por baixo a acidificação
    crescentemente tóxica
    que resulta de toda estagnação.

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  3. Oi Ana,

    Quando vem a inquietação, é sempre bom nos perguntarmos de onde ela vem, e por que vem.
    Antes de pensarmos em mudanças, é preciso aprendermos a ver,sentir e distinguir o que vem de mim e o que eu não sei de onde vem. E qual a intenção. Se é de enfraquecer ou provocar discórdia, procurando uma brecha para se infiltrar, e mudar o rumo.Dúvidas abrem horizontes...Mas também são oportunidades para as forças adversas!

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  4. Tudo tem mais de uma face, o lado positivo e negativo. Devemos ficar atentos. A busca é pelo equilíbrio sempre, e no equilíbrio há flexibilidade
    Abraços
    Ana Lúcia Machado

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  5. Gostei muito da reflexão; a citação do Crema foi muito pertinente ao assunto. Concordo plenamente e por inúmeras razões, dentre elas: todas as guerras pelas quais a humanidade passou e ainda passa, estão intimamente fundadas em uma ideologia. As ideologias, não deveriam, mas são um determinado tipo de erva daninha das sociedades, desde as antigas até as sociedades contemporâneas. O dia em que, de fato, compreendermos que todos, absolutamente, todos os processos da vida humana são singulares e cada indivíduo tem um olhar particularizado para as coisas do mundo e recebe tais coisas também de maneira particular, sem dúvida estaremos mais próximos de uma sociedade realmente "dinâmica e mutável." Mas isso também vai ao encontro de um outro fator: o autoconhecimento, pessoas capazes de enxergarem e contextualizarem coisas e situações nos diversos setores de uma sociedade, só o fazem porque buscam, antes de mais nada, o conhecimento de si próprios, de suas inquietações e turbulências. Obrigada pelo espaço. Um abraço Ana. Cátia Benevenuto

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  6. Ana: que bom ler algo assim. Acompanharei seu blog de perto, muito perto. Grande abraço. Ana Vieira

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