quarta-feira, 28 de novembro de 2012

COMO A ESCOLA WALDORF É VISTA

Assim que publiquei o livro Clarear, minha primeira iniciativa foi divulgá-lo junto às escolas, entidades ligadas ao movimento antroposófico e  formadores de opinião dentro desta comunidade. Estive na Federação das Escolas Waldorf, na Comunidade dos Cristãos, no Seminário de Formação de Professores e me reuni com várias pessoas. Em todas estas apresentações entreguei um relatório sugerindo ações importantes para  serem implantadas com vista na renovação do movimento Waldorf no Brasil.

Em uma delas sugeri uma pesquisa de opinião para a avaliação da qualidade das escolas. Essa pesquisa teve início o ano passado, elaborada dentro do projeto Rewa - Reflexão sobre a pedagogia Waldorf no Brasil com o apoio da FEWB - Federação das Escolas Waldorf no Brasil, Associação ABT, Associação Mahle, Associação Software AG.

A pesquisa foi concluída recentemente e o relatório elaborado pelo Instituto Indagou, pode ser acessado neste endereço: http://www.rewa.org.br/pesquisa.htm

A próxima ação será promover um encontro entre pais, professores, gestores, pessoas ligadas ao movimento Waldorf, e demais interessados, com o objetivo de discutir os resultados da pesquisa e propor ações em prol do movimento Waldorf no Brasil.

Trago à todos as propostas que apresentei ao término do livro que foram  elaboradas a partir do meu trabalho de campo durante o processo de escrita de Clarear. Muitas delas aparecem no relatório de conclusão da pesquisa.


PROPOSTAS:
 
.-Criação de uma Ouvidoria, Ombudsgroup. É preciso auscultar a comunidade através de uma atitude de escuta atenta e cuidadosa

-Ouvidoria especial externa para famílias que se desligam da escola. Exemplo: trabalho poderia ser realizado pela FEWB

-Avaliação dos professores por profissional externo/neutro. Quando um professor é avaliado por um colega, o corporativismo se instala

-Transparência na proposta pedagógica

-Transparência e clareza nas regras e combinados para os casos de conflitos para que se reestabeleça uma base de confiança

-Criação de um programa de educação continuada para o corpo docente com o intuito de promover e estimular o trabalho constante de autoconhecimento

-Levantamento de formas diferenciadas de gestão escolar para estabelecimento de uma gestão/liderança que avalie e cobre os resultados. Exemplo: Escola Waldorf of Lexington em Massachusetts – EUA diretor da escola: Robert Schiappacasse

- Realização de pesquisa de avaliação de qualidade das escolas Waldorf englobando: associação das escolas,corpo docente, cursos de formação de professores, pais, alunos do último ano e ex-alunos.

-Avaliação dos cursos de formação de professores

-Inserir de forma concreta a Pedagogia Social no currículo de formação com cumprimento de horas de estágio em projetos sociais

-Criação e implantação de um currículo social no ensino fundamental II e ensino médio

-Criação de um programa de voluntariado e projeto experimental social para os alunos do ensino médio

-Revisão de critérios de contratação de novos professores

-Avaliação de resultados do programa PDAEW
 
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abraço fraterno
Ana Lúcia Machado

 

 

 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Escola Comunitária Jardim do Cajueiro


Tomei conhecimento através da Alessandra que me enviou este vídeo, da existência de mais esta escola Waldorf, na cidade de Barra Grande - BA. Depois de 8 anos a escola está construindo a sua sede. 70% das vagas são de crianças carentes e apadrinhadas. Belíssimo trabalho, parabéns. Nossas crianças necessitam deste alimento anímico/espiritual. Vejam o vídeo. Acessem o site www.jardimdocajueiro.com.br
abraço fraterno
Ana Lúcia Machado

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Como você vê a escola Waldorf?

Segue abaixo um convite muito especial para você mãe e pai Waldorf.
É um momento muito importante onde você terá a oportunidade de ser ouvido. Suas percepções contribuirão para a construção de uma escola melhor. Participe.
grata
Ana Lúcia
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Amigos, Muito importante a sua participação!

Quero que saibam que já está disponível a Pesquisa de opinião sobre o Movimento Waldorf no Brasil, que foi elaborada dentro do projeto REWA - Reflexão sobre a pedagogia Waldorf no Brasil. Deste projeto participam a FEWB – Federação das Escolas Waldorf, a Associação ABT, a Associação Mahle e a Associação Software AG.

Assim como os demais membros do grupo organizador da pesquisa, penso que o momento pede uma reflexão sobre como os professores, pais e gestores vêm a escola Waldorf no Brasil e quais os desafios e dificuldades que precisamos trabalhar. Veja, não estamos pesquisando sobre a pedagogia Waldorf, mas sobre a escola Waldorf no aspecto do funcionamento, relações etc.. Enfim, o que está bom e o que precisa ser mudado/aprimorado na escola.
Na elaboração da pesquisa, tivemos a ajuda de um instituto de pesquisa contratado para este trabalho e que também fará a tabulação e os relatórios com as conclusões, cuidando assim das questões estatísticas e da confidencialidade que este tipo de pesquisa requer. Estamos todos ansiosos para conhecer os resultados.
Para participar acesse o endereço www.rewa.org.br. Demora uns 15 minutos para responder o questionário. É necessário cadastrar e validar seu email, mas é um processo rápido e fácil.
A pesquisa de abrangência nacional é aberta a gestores, professores, pais, ex-pais e parentes de alunos, ligados à escola Waldorf no Brasil.
Se quiser, pode convidar outras pessoas ligadas ao movimento para também participarem. Assim você nos ajuda na divulgação da pesquisa.
Grata. Abraços,
Maria Chantal Amarante
Conselheira e Colaboradora do REWA, da Aliança pela Infância e da Associação Sophia de Educação Antroposófica

terça-feira, 26 de junho de 2012

OBSERVAÇÕES E PERCEPÇÕES


Quando mudamos nossa rotina diária, abre-se  diante de nós a possibilidade de contemplar novas paisagens, exercitar o olhar para observar outros cenários, o que provoca em nosso interior, emoções diferentes daquelas a que estamos acostumados. O resultado é sempre enriquecedor.

Semana passada, pude mais uma vez romper os limites de meu Atelier para participar de uma exposição no Santander, numa iniciativa louvável do Banco de levar aos seus funcionários a arte sustentável. Para quem não sabe, uma de minhas atividades produtivas é a criação e confecção de acessórios femininos feitos artesanalmente a partir de materiais descartados pela indústria têxtil, oficinas de costura e pathwork.

Nessa semana alterei alguns hábitos. Um dos mais impactantes foi o uso do transporte público. Observar as pessoas dentro do ônibus, seus semblantes, comportamentos, conversas, foi muito interessante. De modo geral  pude perceber  a pouca interação que ocorre entre as pessoas nesse espaço, e observar um certo isolamento. “Cada um na sua”, com seus celulares, ipods, pensamentos.

Logo no primeiro dia em que peguei  o ônibus, numa terça-feira, 12 de Junho, Dia dos Namorados, fui  surpreendida por um trânsito totalmente caótico. Houve recorde de congestionamento em São Paulo no final do dia.  A cidade simplesmente enlouqueceu, como se só existisse aquele dia no calendário anual para amar, como se aquele fosse o último dia para  manifestar atenção e carinho à pessoa amada. Permaneci dentro do ônibus por aproximadamente 2hs e 45 minutos, para percorrer um trajeto de apenas 6,5 Km. Conforme o tempo foi passando, os semáforos abrindo e fechando, sem que os veículos pudessem se deslocar um mínimo que fosse, as pessoas começaram a descer do ônibus. Só não fiz o mesmo porque depois de um dia inteiro de pé, usando salto alto, sentia meus pés latejarem e não conseguia nem pensar em dar um passo sequer.

O que mais chamou minha atenção dentro do ônibus foi  uma jovem de mais ou menos vinte e poucos anos, que durante todo o percurso permaneceu com o dedo polegar  na boca, chupando-o como se fosse uma criancinha. Na condição de mãe e educadora, imediatamente  comecei a refletir sobre as possíveis causas dessa  atitude. Logo lancei  meu olhar para a infância, pois na maioria das vezes nossos bloqueios, carências, dificuldades  tem origem nessa fase da vida. O que me leva sempre a pensar no termo resiliência, que na Física quer dizer elasticidade. Trata-se de nossa  capacidade de resistência a experiências negativas, a adversidades da vida.

É fundamental para a construção da base sobre a qual a vida de cada um é alicerçada, a presença e apoio de pessoas de referência e  confiança, a qual a criança possa recorrer  no período da infância. A resiliência é formada em volta dela a partir de pelo menos uma pessoa que acompanhe e se vincule amorosamente a ela, por um tempo prolongado. Assim torna-se possível minimizar o impacto da negligência, maus tratos, desnutrição, etc...O que de negativo carregamos para a fase adulta, pode ser transformado com consciência.

Outra observação de impacto para mim, e que  me deixou muito satisfeita, foi a constatação de  uma quantidade considerável  de funcionários com mobilidade reduzida, seja cadeirantes ou usuários de muletas, deficientes  visuais, auditivos, nanismo. Contemplei uma linda cena digna de ser filmada e exibida, de dois jovens deficientes visuais provando perfumes de um expositor que estava ao meu lado.

Muitas vezes nos deixamos levar pela onda de negativismo que nos faz desacreditar no futuro da humanidade, mas a verdade é que evoluímos como seres humanos, a despeito de tantos temores que nos cercam e ameaçam nesses tempos atuais.

O movimento de inclusão social é um exemplo. Desde o início da década de 90 vem crescendo, conquistando espaço no mundo das corporações e através de muita luta, com a criação de leis, de cotas de contratação, podemos hoje testemunhar um novo cenário. 

Esse movimento de inclusão social deveria se estender de maneira mais contundente às escolas. Apesar  de alguns avanços, de termos iniciado o ano escolar discutindo o tema da inclusão, por orientação da Secretaria da Educação,  é muito difícil vermos por exemplo,  crianças cadeirantes em colégios tradicionais. Ao longo da vida escolar do meu filho mais velho, que está quase finalizando o ensino médio, e que durante seus anos de estudos esteve  em três escolas, nunca vi uma criança matriculada com mobilidade reduzida. Onde estão essas crianças? Em escolas especializadas? Por qual motivo? Não seria enriquecedor  a oportunidade de estarem todas juntas?  

A capacidade de superação do ser humano é admirável e com certeza as crianças não portadoras de deficiências se surpreenderiam e amadureceriam com esses exemplos de vida e com a possibilidade de expressar solidariedade em inúmeras situações que certamente se apresentariam à elas.

Vamos à luta.
Abraço fraterno
Ana Lúcia Machado  


terça-feira, 17 de abril de 2012

DESDOBRAMENTOS DE CLAREAR

Recentemente recebi um e-mail  me perguntando se o blog Clarear morreu, ao que respondi que o blog encontra-se de férias para buscar novos caminhos, pois até então o objetivo almejado de uma discussão madura e construtiva, não foi alcançado.

Através dessa  mensagem tomei conhecimento da existência do Conselho Nacional Parental Waldorf, que reúne mães e pais de mais de 230 escolas Waldorf na Europa.  Ainda vou pesquisar sobre a  proposta deste Conselho. Achei muito interessante e iluminador  o caminho  apresentado por este leitor do blog, que vive na Alemanha. Ele diz que um dos capítulos mais desconhecidos e abandonados da PW, é a Arquitetura Social das Escolas Waldorf.  Fala que isso é ”o alicerce de todo o revolucionário encontro humano -  Pais, Professores, Alunos, e Membros formais de uma Associação Escolar Waldorf -, sendo que o desconhecimento desse campo absolutamente vital,  é responsável por muitos colapsos de iniciativas pioneiras, e mesmo doenças crônicas instaladas em várias comunidades escolares”.  Lanço aqui a proposta de debate sobre este tema: Arquitetura Social das Escolas Waldorf

Também recentemente fui convidada a participar de uma conversa em uma rede social sobre o livro Clarear. Como autora,  me pediram para moderar o diálogo iniciado. Foi então que resumidamente discorri sobre os desdobramentos do livro desde seu lançamento em dezembro de 2010. Não sem antes esclarecer que Clarear está voltado para o público conhecedor da Antroposofia  e participante de escolas Waldorf, e como não poderia deixar de dizer, falei também que o livro causou estranheza a essa comunidade acostumada apenas com publicações que reafirmam o lado luminoso da PW.

O livro trouxe  movimentação a essa comunidade, o que por si só já é extremamente saudável, porém  além  de movimentar, estimulou a criação de vários grupos de estudos, tanto entre professores, como entre pais, em várias escolas. Também impulsionou uma pesquisa encomendada pelas três instituições apoiadoras da PW no Brasil.

Em reunião na Federação das Escolas Waldorf do Brasil, fui informada que a mesma enviou uma carta à todas as escolas W recomendando a leitura do livro. Tomei conhecimento que o livro está disponível em várias bibliotecas escolares.

Pude também ouvir da boca de várias pessoas, atuantes e representantes de peso do movimento Waldorf no Brasil, palavras de agradecimento pela publicação do livro.

E não poderia deixar de citar como um dos desdobramentos, a relevante resenha feita pelo respeitadíssimo Professor Valdemar Setzer.

Enfim, sinto-me como autora, muito satisfeita com os desdobramentos de Clarear. Só há crescimento e renovação a partir de perguntas e questionamentos. Só podemos vislumbrar a luz se tivermos a coragem de percorrer túneis sombrios. Clarear  parte do  reconhecimento de que a educação Waldorf é um caminho de cura para uma sociedade perdida e carente.

Qualquer teoria só tem significado se a prática dentro da realidade a validar. Teorias  não levam em conta a realidade existente. Ocorre uma tentativa humana  de colocar a realidade dentro da teoria. Quando na verdade o movimento saudável é o contrário.  Não existe exemplo maior disso do que o trabalho de D. Utte Craemer  na Monte Azul. Pensemos sobre isso.

Abraços fraterno
Ana Lúcia Machado